Precisamos falar sobre relacionamento abusivo
Por Eulália Damasceno,
Vemos nos últimos dias as mídias sociais relatarem o relacionamento de dois participantes do BBB.
Vimos pessoas denunciando, declarando-se contra, pedindo a expulsão do participante de comportamento abusivo, intitulado Marcos.
E vimos também a expulsão dele na segunda-feira.
Diante de tudo isso, ressalto que precisamos falar de relacionamento abusivo! Por quê? Porque vi pessoas criticando a vítima, no caso, a Emily.
Vi pessoas falando que ela provocou, que ele não fez nada demais.
Pessoa abusiva é aquela que quer ter controle sobre você.
É aquela que te diz como deves te vestir, com quem deve conversar, aquela que te vigia nas redes sociais e muitas vezes até te proíbe de fazer uso delas.
Rouba sua privacidade.
É aquela pessoa que controla seus passos, seu dinheiro, seus amigos e, muitas vezes, te isola da sociedade.
É aquela pessoa que te bate, te humilha, te xinga e te faz sentir a pior pessoa do mundo.
Aí as pessoas perguntam: “Por que, mesmo fazendo tudo isso, a vítima não termina? Por que ela continua lá?”.
Muitas pessoas, impregnadas com as crenças machistas da sociedade, vão dizer:
“Porque mulher gosta é de apanhar!”. Não! Mulher não gosta de apanhar.
A maioria das pessoas que estão sofrendo o abuso não sabem que estão em um relacionamento abusivo ou estão em estado de negação.
Porque o agressor usa de violência psicológica, porque ele manipula sua vítima de tal forma que elas não se veem como vítima, e sim como culpadas.
O agressor sempre vai discutir com a vítima e vai ganhar a discussão, porque ele acaba com a autoestima da parceira, e isso a faz se sentir um lixo.
Sendo assim, ele vai aproveitar para jogar na cara da parceira que ele é o homem certo para ela, que ela tem sorte de tê-lo ao lado, ele a faz acreditar que ela nunca encontrará outro homem igual a ele.
E a vítima vai acreditar.
E mesmo que ela esteja sofrendo, não vai abandoná-lo, pois além do sentimento, ela acredita que ele vai mudar.
O agressor muitas vezes culpa a vítima por suas atitudes erradas. E ela acredita, mesmo que ela saiba que está certa.
O agressor pode fazer tudo errado, mas se sua vítima “pisar na bola”, ela vai humilhá-la, julgá-la e mostrá-la o quão ruim ela é.
Por isso, não culpem as mulheres por estarem num relacionamento abusivo.
A nossa sociedade é extremamente machista.
Somos criadas desde pequenas para servir, para agradar aos homens, somos criadas ouvindo “Que mulher tem que saber se comportar”, “Que mulher não pode beber”, “Mulher tem que se dar ao respeito”, “mulher isso, mulher aquilo”.
São esses pensamentos que reforçam a cultura do estrupo que temos no nosso país, reforçam vários tipos de abuso, reforçam o assédio e justificam vários outros.
“Vestida assim, queria o quê?”, “Tenho certeza que ela deu motivo”.
Esses pensamentos reforçam que a culpa sempre é da mulher.
Quando você aí que está lendo essa reportagem identificar alguém dentro de um relacionamento desses, tenha empatia com ela.
Não julgue, não critique, não fale “Mas você é tão inteligente, como foi cair nessa?”, pois isso só vai reforçar ainda mais todas as crenças negativas que foram criadas sobre ela.
Às mulheres: empoderem-se! Não fiquem quietas. Nós temos que falar sim, nós temos que denunciar sim.
Chega de sermos desrespeitadas. Chega de assédio na rua, no trabalho ou em qualquer lugar.
Chega de andar com medo na rua. Chega de abuso! E vamos continuar falando de relacionamento abusivo sim, e de assédio, e de estrupo e de machismo sim!
Aos homens, respeitem as mulheres.
De qualquer forma. Respeitem o “não” das mulheres, respeitem o nosso livre caminhar pelas ruas, nos respeitem independentemente do modo como estamos vestidas.