Briga: políticos reagem à interligação do rio Tocantins com o São Francisco

Em nota enviada à imprensa, nesta terça-feira (2), o presidente da Assembleia do Tocantins, deputado Mauro Carlesse (PHS), disse que está indignado com a postura da bancada no Senado, que não participa e nem acompanha a discussão sobre o projeto de lei que trata da transposição do rio Tocantins para a Bahia.
Ele considera um absurdo a atitude da bancada tocantinense no Senado.
“Os nossos senadores estão se comportando como se comportou a maioria dos nossos deputados federais que chegaram, inclusive, a apoiar o projeto do deputado Gonzaga Patriota, que defende a transposição do rio Tocantins para o São Francisco”.
Eles disse que transposição do rio Tocantins é uma insanidade. Estaria projetada para jogar no rio Preto em torno de 50m³/segundo, enquanto a vazão mínima do rio São Francisco mesmo em tempo de seca dificilmente baixa de 550 m³/s. Os 50 m³/segundo prometidos são apenas o que se recalca para os dois projetos de transposição do São Francisco para os dois sistemas, leste e central.
A aprovação pelas comissões internas da Câmara dos Deputados do projeto de Lei nº 6569/2003 – que prevê a inclusão no Plano Nacional de Viação, da interligação entre o Rio Tocantins e o Rio Preto, com o propósito de assegurar a navegação desde o Rio São Francisco até o Rio Amazonas – tem provocado a reação de diversos políticos tocantinenses, que alegam risco para o Rio Tocantins caso a medida venha a ser efetivada.
O canal da obra tem uma extensão total de 733 km no projeto. Sendo 220 km a partir do Rio Tocantins, passando pela região sudeste do Estado até chegar na região da Garganta, no município de Formosa/BA, de onde seguirá pelo leito do Rio Preto até o Rio Grande por 315 km e, a partir deste ponto, por mais 86 km até desaguar no Rio São Francisco no município de Barra/BA.
O projeto segue para análise e votação no Senado e, diante da polêmica estabelecida, o Conexão Tocantins ouviu o autor da matéria, deputado federal Gonzaga Patriota (PSB/PE), que assegura que, ao contrário do que está sendo colocado, a proposta – que faz questão de enfatizar como interligação hidroviária e não transposição – virá para beneficiar não só a região Nordeste do País, mas também o Tocantins, na região Sudeste do Estado.
“Como nordestino, eu vejo que é muito importante que a gente tenha a interligação hidroviária desses dois grandes rios, Tocantins com São Francisco, para a gente trazer os navios do Rio São Francisco carregados de coisas boas que a gente tem lá no Nordeste e retornar esses navios com coisas boas que existem no Norte”, defende.
Segundo ele, a garantia de que o Rio Tocantins não será prejudicado fica evidenciada no fato de que a água que será utilizada para abastecer o Rio São Francisco será aquela excedente, exclusivamente no período de cheia do Rio Tocantins – quando suas águas tem como destino final a Baía de Marajó/PA.
“Não é o que alguém imaginou, trazer água de Tocantins, eu acho que nem tem como trazer, essa água é só na época em que o Tocantins estiver cheio, com 6 mil m³ por segundo, água caindo no oceano sem ser utilizada. Ao invés de ir para o oceano, iria para o Rio São Francisco”, frisa o autor do Projeto de Lei.
Gonzaga Patriota também prevê que a interligação hidroviária resultaria na geração de energia e permitiria o desenvolvimento de projetos de plantações irrigadas, em áreas como fruticultura, pastagem, dentre outras, no Sudeste do Tocantins.