Mulher que encomendou a morte do marido é condenada junto com o amante e o executor do crime
Kátia de Barros Nascimento, Walmir Alves do Lago e Gilsomar Ramos de Faria foram condenados pelo Tribunal do Júri de Goiânia pelo assassinato do piloto Leonardo Dias Sequeira, conhecido como Leo Baiano.
O crime ocorreu na madrugada de 14 de janeiro de 2007, na residência do piloto, situada no Setor Leste Universitário, na capital. Segundo a denúncia, Leonardo foi executado por Walmir, que recebeu R$ 1 mil para o serviço, agenciado por Gilsomar, amante de Kátia.
O júri foi presidido pelo juiz Lourival Machado da Costa e a acusação foi feita pela promotora de Justiça Renata Marinho.
De acordo com a peça acusatória, Leonardo e Kátia eram casados havia 18 anos, mas a relação não era harmoniosa e ambos tinham relacionamentos extraconjugais.
Após ouvir de Kátia que ela tinha intenção de matar o marido, Gilsomar apresentou-lhe Walmir.
No dia do fato, conforme previamente combinado entre os três, Walmir chegou à casa de Kátia antes de Leonardo e ela o conduziu até o cômodo da despensa, onde permaneceria, conforme combinado, aguardando o momento em que ela o chamasse.
Pouco depois, Leonardo chegou em casa, tomou banho e foi dormir ao lado da mulher. Por volta das 4 horas, Kátia se dirigiu à despensa e mandou Walmir executar o marido.
Dormindo, Leonardo foi agredido a golpes de barra de ferro e, mesmo após cair da cama, continuou sendo golpeado, inclusive na cabeça, até a morte. Consumado o assassinato, Kátia e Walmir maquiaram a cena do crime de maneira que parecesse latrocínio.
Gilsomar foi condenado a 9 anos de reclusão, por homicídio simples a ser cumprido em regime inicialmente fechado e Kátia foi condenada a 16 anos de reclusão por homicídio duplamente qualificado (mediante pagamento e utilizando recurso que impossibilitou a defesa da vítima).
Já Walmir foi condenado a 20 anos de reclusão por homicídio triplamente qualificado (mediante pagamento, com emprego de meio cruel e utilizando recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e também a 3 anos de reclusão por furto qualificado.
Com informações da Assessoria de Comunicação Social do MP-GO
Relembre o caso
Leonardo Dias Sequeira Mello, conhecido no Clube XT600 por Leo Baiano, 42 anos, foi morto a golpes de barra de ferro na cabeça, dentro da casa.
A mulher do piloto, Kátia, que também estava na casa, teve as mãos e os pés atados com esparadrapo, mas conseguiu pular para o quintal de um vizinho, de onde acionou a Polícia Militar (PM).
A polícia chegou ao local pensando que iria atender a um chamado de assalto, mas encontrou Leonardo morto dentro do quarto do casal. Aparentemente nada foi levado por quem cometeu o crime.
As duas principais linhas de investigação da Polícia Civil são latrocínio (roubo seguido de morte) e homicídio.
Kátia foi ouvida e segundo as primeiras informações passadas aos policiais civis, ele teria chegado do trabalho por volta da 1 hora da madrugada. Leonardo era piloto de transporte de cargas da empresa de aviação Total. Kátia contou que abriu o portão eletrônico para o marido, que chegava em uma Parati, e voltou para dentro da casa.
Uma das pessoas com quem os policiais conversaram foi um vizinho, de 77 anos, residente em uma casa ao lado.
Ele acordou por volta das 5 horas com Kátia chorando e batendo na sua porta. “Eu acordei com aquele barulho de choro. Quando saí na porta ela estava com as mãos e os pés amarrados por esparadrapo. Eu a desamarrei, coloquei-a para dentro e ela ligou para a polícia”, conta o vizinho.
A mulher havia deixado a sua casa, passado por cima do muro, de aproximadamente 2 metros de altura, e chegado à porta da casa vizinha. Até então ela não parecia saber da morte do marido.
“Ela apenas dizia que tinha sido amarrada e chorava”, afirma o vizinho, mas quando os militares entraram dentro do quarto do casal encontraram Leonardo morto, em cima da cama. Ele estava com roupa de dormir e o primeiro golpe foi dado de frente. O alvo do ataque foi a cabeça. “Quem entrou na casa veio para matá-lo e não simplesmente para atordoá-lo. Os golpes foram dados todos na
cabeça”, ressaltou um policial.
O quarto estava todo desarrumado. Objetos como aparelhos de som e DVD foram atirados ao chão.
“A pessoa parecia estar procurando objetos de valor, como dinheiro em espécie ou jóias”, assinalou o delegado Jorge Moreira. Mas não foi possível ainda à Polícia Civil detectar se bens como esses foram roubados.
Outras coisas de valor, como a Parati e três MOTOS possantes, continuaram na garagem. Os familiares constataram, em um primeiro momento, que o cachorro da família, um pastor alemão, havia desaparecido.
A barra utilizada para assassinar o piloto, de aproximadamente 60 centímetros de comprimento e 3 centímetros de diâmetro, foi encontrada a pouco mais de 100 metros da casa, abandonada em um lote baldio. Na casa não havia sinal de arrombamento.
Kátia Nascimento foi levada por um amigo da família para a casa dele e sedada. “Ela está atordoada, mas passa bem”, resumiu o amigo.
Kátia e Leonardo têm uma filha, de 12 anos, que não estava em casa no momento do crime. Segundo informações repassadas à polícia pela mulher, a menina está viajando para uma cidade do interior de Goiás.
A residência onde o casal morava era herança de família de Kátia e, segundo vizinhos, não havia comportamento fora do convencional na família.
Segundo Jorge Moreira, a mulher apresentava ferimentos nos pulsos e tornozelos e um hematoma no olho e disse ter ficado presa dentro de um banheiro.
Ela também informou que havia visto apenas um agressor. Os policiais suspeitam, entretanto, que mais de uma pessoa tenha participado do crime.
Peritos do Instituto de Criminalística estiveram no local do crime e coletaram amostras de impressões digitais no carro de Leonardo Dias. Jorge Moreira apreendeu, para averiguações, um computador da casa.