Opinião: Câmara quer impor mordaça obscurantista a professores do país
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Por Ranier Bragon, da Folha de SP
Uma comissão especial da Câmara dos Deputados deve aprovar nos próximos dias um dos projetos mais vergonhosos da atualidade, a chamada Escola Sem Partido.
Capitaneado pela bancada religiosa e por toda ordem de conservadores aparentemente saídos de uma fenda ligada à Idade Média, o projeto quer fazer crer que o mundo educacional está infestado de comunistas travestidos de pedagogos, prontos a catequizar uma legião de novos Ches e derrubar o capitalismo.
O neocarolismo, não contente em só fiscalizar a pudicícia de manifestações artísticas, se une em mais essa missão.
A relatoria da coisa coube ao deputado e missionário católico Flavinho (PSC-SP), que pugna pelo “direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções”.
Veta-se ainda qualquer ensino relativo a “ideologia de gênero, o termo ‘gênero’ ou ‘orientação sexual’.”
O missionário Flavinho, para quem a “maioria esmagadora” dos intelectuais não tem dúvidas de que “macho” e “fêmea” equivalem a “homem” e “mulher”, pretende obrigar escolas de todo país a afixar cartazes com os mandamentos dos talibãs da moral.
O Ministério Público já se insurgiu contra a escalada obscurantista. Em 2017, o ministro do Supremo Luís Roberto Barroso suspendeu lei alagoana.
Um projeto desses não é só “polêmico” ou “controverso”. É uma aberração. Nada menos do que isso.