Não vacinados tomam vagas de vacinados em internações e representam 90% dos pacientes em UTI´s

É muito triste e constrangedor editar este texto, mas alguém tem que falar.

Há mais de dois anos, nós da imprensa temos falado da periculosidade da pandemia da Covid-19, alertado para as medidas de prevenção, de contenção e, por fim, do quanto é importante a imunização geral da população.

Mas por birra ideológica idiota, um grupo minoritário de brasileiros, que não passa de 20%, faz um barulho ensurdecedor contra a vacina, com uma imensa propagação de boatos, mentiras e fake news, muitas delas elaboradíssimas, para tentar desacreditar a ciência e a vacina.

Não adiantou e não tem adiantado os apelos de jornalistas, dos meios de comunicação, dos médicos e profissionais de saúde e da sociedade como um todo a essas pessoas totalmente incrédulas.

Elas não se vacinaram e não querem.

Agora, com a chegada da cepa mais potente da Covid-19, a ômicron, adivinhe quem está lotando os leitos de UTIs e de internações em vários estados da federal?

Sim, eles mesmos, os não vacinados. Principalmente os leitos de hospitais públicos.

Como sabem os nossos leitores, sempre que posso, ajudo no que for possível, através de diversos contatos, pessoas que nos procuram, para encontrar um atendimento médico mais especializado, inclusive leitos de UTIs e de internação para pessoas aflitas, principalmente nesta pandemia.

Desde ontem (25), por exemplo, que mantenho intenso contato com conhecidos e amigos atrás de um leito para uma paciente de Campos Belos (GO), com 50% dos pulmões comprometidos.

Ela tomou as duas doses da vacina, mesmo assim foi contaminada e precisa de um suporte mais especializado.

Mas não conseguimos. Não há vagas em Brasília, em Goiânia ou outra grande cidade de Goiás.

Há quase 24 horas e nada.

Ainda há pouco, a família nos informou que uma vaga surgiu em Formosa (GO), para onde a paciente, já idosa, foi encaminhada.

Agora pergunto: é justo e ético uma pessoa não vacinado tomar o espaço, principalmente em um leito público, de uma pessoa vacinada e comprometida com a saúde da coletividade?

É claro que não é justo.

Quem escolheu não se vacinar deveria ter, ao menos, a hombridade de procurar um hospital particular na hora do aperto.

Foi uma escolha pessoal dele; um risco assumido. Infelizmente os hospitais públicos não podem fechar as portas aos não vacinados.

Bem que poderia. Mas é inconstitucional e desumano. Ao fazer isso, as pessoas éticas e as autoridades médicas estariam sendo piores do que eles.

Mas a questão tem que ser levantada e posta em discussão. Há pessoas vacinadas morrendo por falta de vagas.

No DF não há mais vagas. Todas consumidas por não vacinados

Na rede pública de saúde do Distrito Federal, há 57 pessoas internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs) devido à complicações da covid-19.

Desses pacientes, a maior parte tem de 50 a 75 anos e, segundo a Secretaria de Saúde, cerca de 90% deles não receberam nenhuma dose das vacinas disponíveis contra a doença — condição ainda de 200 mil pessoas na capital do país.

Um absurdo.

Neste cenário, terça-feira (25/1), o DF registrou 10,6 mil novos casos de infecções pelo novo coronavírus, um recorde.

A taxa de transmissão teve nova queda e está em 2,04.

A ocupação de leitos adultos de UTI-covid chegou a 100% no início da tarde de terça-feira. Por volta das 15h, a taxa caiu para 93,22%, quando, dos 73 leitos, 57 tinham pacientes, seis estavam vagos e 10, bloqueados. 

Por meio de nota oficial, a Secretaria de Saúde explica que “a nomenclatura leito bloqueado é usada quando, no momento, o leito está sendo preparado para receber novo paciente, passando por desinfecção ou com manutenção em algum equipamento. Isso ocorre de forma dinâmica e logo após concluída uma dessas ações a vaga é desbloqueada”.

Apesar disso, o governador Ibaneis Rocha (MDB) manifestou preocupação com o atual cenário da crise sanitária. “Nós chegamos à terceira onda da pandemia. Ninguém aguenta mais isso”, disse durante a inauguração da unidade de pronto-atendimento (UPA) de Vicente Pires.

O chefe do Executivo local destacou que o Governo do Distrito Federal (GDF) trabalha para não deixar a população desassistida e, por enquanto, descartou implementação de medidas restritivas. “Nós estamos abrindo novos leitos e vamos dar conta de segurar toda a saúde do DF. Estamos ingressando com, em torno de, 10 leitos todos os dias na rede pública”, declarou.

Preocupação

Entre segunda (24/1) e terça-feira, o DF registrou 10.697 casos e quatro mortes. No total, são 579.130 infecções e 11.147 óbitos confirmados desde o início da crise sanitária. Com a atualização, a média móvel de casos chegou a 5.490, o que indica um aumento de 154,85% em relação aos 14 dias anteriores. A mediana de vítimas da doença está em três, valor 50% maior quando comparado com o mesmo período.

O infectologista Hemerson Luz avalia que essa alta de casos deve continuar até março.

“Se nós projetarmos para o DF o que ocorreu em outros países, provavelmente, em fevereiro, ainda teremos bastantes casos, mas, em março, talvez, a gente tenha queda”, argumenta. Para ele, evitar aglomerações, cobrar o uso de máscaras em locais abertos e fechados e incentivar a vacinação são as principais medidas de combate que devem ser adotadas no momento.

O especialista afirma que a taxa de transmissão está em queda por causa das medidas restritivas retomadas pelo governo local. “O reflexo demora uns 15 dias para ser sentido. E o número de casos, que realmente foi alto, pode contabilizar testes realizados há dias atrás”, completa Hemerson.

Com informações do Correio Braziliense

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