Exército confirma 1° militar contaminado por HIV no Haiti

O Exército confirmou, ao Estadão, o primeiro caso de um militar brasileiro que retornou da missão de paz das Nações Unidas no Haiti contaminado por HIV, o vírus que causa a Aids. O assunto vem sendo tratado com muita reserva dentro das Forças Armadas.

Trata-se de um oficial, um capitão-médico, que se encontra atualmente realizando exames que irão avaliar sua permanência no Exército, podendo ir para a reserva ou ser reformado. O Haiti é o país mais pobre das Américas e o com maior número de aidéticos fora da África, segundo a ONU: cerca de 6% da população está infectada com HIV ou tem Aids.

O diagnóstico foi dado pela Divisão de Missão de Paz do Comando de Operações Terrestres (Coter), em Brasília, em um período de quatro dias em que o militar ficou isolado após o retorno da missão no Haiti, em 19 de junho. Nesta fase, denominada pelo Exército como “desmobilização”, realizam-se exames de saúde, psicológicos e se prepara a reinserção dos militares na sociedade brasileira.

Não foi divulgado em que circunstâncias a doença foi contraída.
Alguns militares acreditam que ele possa ter contraído a doença durante o trabalho, ao fazer alguma cirurgia ou ao ter contato com haitianos sem utilizar luvas ou utensílios necessários.

Durante os seis meses em que o militar atua na missão de paz, normalmente há total abstinência sexual. O relacionamento íntimo com haitianas é expressamente proibido pelo alto comando da ONU. Brasil também não aconselha esse tipo de contato.

Em um país de 8,5 milhões de habitantes, cerca de 280 mil pessoas possuem HIV. ONGs internacionais estimam que entre 5% e 7% da população esteja infectada – em 1993, o número chegou a quase 10%. A Aids é a principal causa de mortes no Caribe entre pessoas de 15 e 44 anos, segundo a Unaids, agência das Nações Unidas de combate à doença.

Desde que a epidemia começou, nos anos 80, mais de 160 mil crianças ficaram órfãs e cerca de 300 mil haitianos morreram de Aids. Apenas em 2006, cerca de 27 mil pessoas contraíram HIV no Caribe. No entanto, de acordo com a Unaids, o número vem decrescendo no Haiti e tem se mantido estável na República Dominicana devido aos trabalhos de agências para educação sexual e distribuição de preservativos.

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