Criado Fórum para manter a BR-010 no eixo das rodovias GO-118 e TO-050

Um grupo de 50 pessoas, provenientes de diversos segmentos sociais e econômicos das cidades de Arraias (TO), Taipas (TO), Campos Belos (GO), Monte Alegre (GO), Novo Alegre (TO), Combinado (TO), Lavandeira (TO) e Aurora do Tocantins (TO), criou um Fórum em defesa da permanência da BR-010 no trajeto da GO-118/TO-050.

O Fórum foi estabelecido durante uma reunião realizada em 19 de janeiro na Universidade Federal do Tocantins, em Arraias (TO).

O objetivo é apresentar às comunidades envolvidas os impactos extremamente negativos do desvio proposto da BR-010, por um novo traçado de 60 km, que será implementado pelo governo federal entre a ponte do Rio Paranã e o município de Paranã (TO).

A iniciativa partiu do ativista Antônio Aires, conhecido como Tõe de Xica.

Ele argumenta que é crucial unir esforços para conscientizar o presidente Lula de que um investimento tão significativo, destinado apenas a reduzir alguns quilômetros, resultará no isolamento de milhares de pessoas que já viveram isoladas no passado, como é o caso das comunidades de Arraias, Campos Belos, Monte Alegre, Conceição, Combinado, Lavandeira e Aurora do Tocantins.

Atualmente, para chegar a Palmas (TO) saindo de Brasília, o usuário segue pela rodovia GO-118 até Campos Belos (GO), no nordeste de Goiás, e depois pela rodovia TO-050 de Arraias (TO) até Palmas (TO).

Contudo, o governo planeja concretizar o projeto da BR-010, que também parte de Brasília até Palmas (TO).

Ao invés de federalizar ambas as rodovias (GO-118 e TO-050), os gestores planejaram um novo traçado, com um custo de quase R$ 1 bilhão dos cofres públicos, para encurtar a viagem em pouco mais de uma hora, abrindo um trecho inexplorado que liga “nada a lugar nenhum”, cortando os sertões dos Kalungas.

Além de utilizar recursos públicos para beneficiar poucos, o novo trajeto, se implementado, acarretará significativos impactos ambientais, especialmente próximo à Serra do Tombador, e poderá prejudicar o desenvolvimento socioeconômico da região sudeste do Tocantins, assim como Campos Belos e Monte Alegre em Goiás.

Durante a reunião de criação do Fórum, o professor e doutor em economia Francisco Viana projetou as consequências negativas para a região.

Segundo ele, é possível que o desvio da rota reduza o fluxo de tráfego comercial e turístico nas comunidades ao longo do trajeto original da BR-010, afetando o comércio local, os serviços e a economia das cidades mencionadas.

Também impactará negativamente os novos destinos turísticos regionais, Lavanderia e Aurora do Tocantins.

“Pode haver um declínio no turismo, impactando a receita de setores relacionados, como hospedagem, restaurantes e atividades culturais. As comunidades afetadas podem enfrentar desafios no desenvolvimento urbano planejado, uma vez que as expectativas econômicas e sociais associadas ao fluxo de uma rodovia principal podem ser alteradas”, disse o economista.

Caso o desvio da BR-010 ocorra, as comunidades terão que se adaptar economicamente às mudanças, identificando novas oportunidades de negócios e diversificando suas fontes de receita.

“Terão que implementar estratégias de mitigação, como programas de desenvolvimento econômico local, investimentos em infraestrutura alternativa e iniciativas de preservação ambiental, para compensar os possíveis impactos adversos”.

O caso “Olho D´Água (GO)”

Diversos “cases” foram citados durante a formação do Fórum para exemplificar o tamanho da tragédia que poderá ser o desvio da BR-010.

Um deles foi o da cidade de Olhos D´Água (GO) na década de 1960.

Quando o presidente Juscelino Kubitschek criou Brasília, também foi criada a BR-060, ligando a nova capital a Goiânia (GO).

Porém, para beneficiar um amigo fazendeiro, Kubitschek desviou a rota da BR-060, que passaria pela cidade de Olhos D´Água, mas o presidente decidiu que deveria contornar pela fazenda “Alexânia”.

Hoje, a fazenda se tornou uma cidade com quase 30 mil habitantes, sendo uma das mais prósperas do Entorno do Distrito Federal, com PIB per capita de R$ 40 mil.

A cidade de Olhos D´Água, apesar de ser aconchegante e cultural, ficou esquecida, com apenas cinco mil habitantes e um PIB per capita de R$ 33.947,04.

O eixo rodoviário Conceição (TO) – Arraias – Campos Belos – Alto Paraíso – São João da Aliança (GO) só deixou de ser um corredor da miséria após a criação de Palmas (TO).

A nova capital trouxe vida para a GO-118, bonança e prosperidade ao nordeste de Goiás e sudeste do Tocantins.

Tomar a BR-010 dessa região, pior, usando dinheiro público, é novamente relegar essas comunidades ao ostracismo e à miséria.

A comunidade local precisa despertar, lutar e barrar essa iniciativa tosca e surreal do Governo Federal.