Livro: “Todo mundo merece morrer”, de Clarissa Wolff é retrato da sociedade de hoje


Esqueça a narrativa padrão que você está acostumado a encontrar na literatura. Clarissa Wolff debuta na Verus e faz do seu “Todo mundo merece morrer” uma trama desconstruída sobre a dualidade do ser humano. 


 Sucesso entre a crítica, a obra rendeu elogios em veículos como o Jornal O Globo, rádio CBN, portal Metrópolis e na revista Carta Capital, que afirmou que “grosso modo ‘Todo mundo merece morrer’ poderia ser descrito como um jogo que transporta uma grande trama da literatura, ‘Assassinato no Expresso Oriente’, de Agatha Christie, para a linha verde do metrô paulistano”. 


 Clarissa faz parte desta nova geração de autores que vêm para renovar o cenário nacional. Seu primeiro romance é contundente, reflete a sociedade e ainda coloca em xeque as discussões sobre tolerância.

Tudo começou com uma “brincadeira” do marido quando ele foi buscá-la no metrô e sugeriu uma história que se passasse no local. E foi exatamente isso que Clarissa fez. 


Com inspiração na ganhadora do Pulitzer Jennifer Egan, Clarissa escreve sobre um crime no metrô da linha verde de São Paulo que conecta treze vidas, treze personagens sintomáticos dos tempos modernos que vivem dentro de suas próprias certezas incontestáveis. 

Mas este grupo heterogêneo tem mais em comum que o fato de ter presenciado um assassinato no vagão. Para além das aparências, todos eles escondem um caráter duvidoso.

A cada capítulo, Clarissa entrega diferentes formas de narrativa para apresentar um “sobrevivente” do atentado: desde o padre pedófilo, que conta sua versão tal qual um capítulo da Bíblia, passando pelo grupo de jovens traficantes do colégio, em uma narrativa cheia de gírias e dialetos, até a história em terceira pessoa de uma mãe que odeia o filho porque o marido não a deixou abortar.

“Todo mundo merece morrer” começou a ser escrito em 2014. “Eu acho que essa história foi feita para ser escrita na minha versão durante aqueles anos.”, confessou a autora, que também contou sobre o seu processo criativo, que define como “um quebra cabeças”, onde as peças já chegam prontas em sua mente e só é preciso montar. 


“Eu pensava, sim, em ter personagens que as pessoas não conseguissem se apegar, ou então que sentissem certo apego e não gostassem, nem se sentissem confortáveis com isso. (…). É como se eu estivesse fazendo um novo amigo e conhecendo tudo sobre ele. Mas tudo, absolutamente tudo.”

Com o livro já pronto para ganhar o Brasil, Clarissa espera que o “Todo mundo merece morrer” traga questionamentos aos leitores: 


“Acho que sempre evoluímos quando somos mais tolerantes, quando conseguimos perdoar, e quando conseguimos entender e aceitar a evolução do indivíduo e da sociedade. Mas também precisamos ter consciência de que existem coisas que devem ser inaceitáveis.”, ressalta.

Clarissa Wolff, 27 anos, é escritora e trabalha com estratégia de conteúdo e comunicação. Além de manter uma coluna sobre literatura na CartaCapital, já escreveu para Rolling Stone, VICE, UOL, Cult e Folha de S.Paulo. Este é seu livro de estreia.

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