Alto Paraíso (GO): Pai procura por filho desaparecido desde o último dia 12
Nem mesmo o cansaço da busca incessante fez com que Tenisson Oliveira Boa Sorte, 47 anos, deixasse de estar à frente da procura pelo filho.
O último dia do rapaz com a família foi marcado por um desabafo. Jerônimo disse ao pai que estava com depressão e queria ajuda.
A conversa caminhou para o vício recente do garoto: o cigarro. “Ele me disse que queria parar. Aconselhei para diminuir aos poucos, porque sei que de uma vez ele poderia estranhar”, lembra.
Aparentemente acalmado pela conversa com o pai, o jovem decidiu andar de bicicleta, nas proximidades de casa. Eram por volta das 16h30 quando Jerônimo saiu da Rua 2 do Lago Oeste.
Dias e noites
Quando sentiu a falta do filho, Tenisson fez questão de estar à frente das buscas. Em seis dias de procura, o empreiteiro perdeu a noção de data e de horário. Quando conversou com a reportagem, perguntou que dia era ontem.
Tenisson relembra o momento em que se deu conta de que algo de ruim poderia ter acontecido. “Comecei a me preocupar quando meu outro filho chegou da rua. Ele me contou que Jerônimo disse que o amava antes de sair. Nós dois entramos em desespero”, afirma.
No dia seguinte, o pai começou a procurar o rapaz no Parque Nacional de Brasília. “Ele dizia que tinha vontade de conhecer a barragem (de Santa Maria). Entrei no parque e andei de lá para cá.
Por conhecer os gostos do filho, na última quinta-feira (14), o empreiteiro foi a Alto Paraíso (GO). Espalhou cartazes com fotos, pediu informações e ganhou a ajuda da Polícia Militar de Goiás. “Quando cheguei de Alto Paraíso estava angustiado. Algo me dizia que ele ainda estava no Parque Nacional. Conseguimos um helicóptero, mas não vimos nada”, relata.
A primeira pista do desaparecido surgiu perto de casa: um rapaz encontrou a bicicleta de Jerônimo em uma rua do Lago Oeste. Estava deitada ao chão, próximo à cerca do Parque Nacional.
Na sexta-feira (15), ele resolveu entrar novamente na mata. “Entrei às 6h e fui sair à meia-noite. Andei muito. Gritava. Estava certo de que ia dormir lá. Queria saber o que meu filho teria que passar para sobreviver dentro da mata, qual era o ambiente que ele ia enfrentar. Foi quando recebi uma notícia de que alguém o viu no Plano Piloto”, acrescenta o empreiteiro.
Desde então, o homem perambula pelas quadras. “Consegui uma informação de que ele tinha comprado um pão de queijo. Uma atendente o reconheceu. Só que estou ainda mais preocupado.
Tenisson se mostra forte. Ao JBr., disse que só vai parar quando encontrar o filho. “Estou me segurando nos amigos. Nunca vi tanta gente se unir. Acho que tenho um milhão de amigos”, afirma, emocionado. “Só peço a Deus para devolvê-lo vivo. Minha preocupação é de ele estar com a cabeça fraca e se envolver nesse meio de droga. Mas eu o quero vivo. Machucado ou drogado, eu quero meu filho. No dia que eu encontrá-lo, vou fazer uma festa”, desabafa.
Média de seis casos por dia no DF
Com as redes sociais, a impressão é de que as estatísticas de desaparecimento engrossam a cada ano – a todo instante surgem publicações com fotos de alguém procurado. Mas os números indicam que essa é apenas uma sensação. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, em 2017 a capital registrou 2.657 mil casos de pessoas sumidas, enquanto em 2018 esse número foi de 2.410 – 9,2% a menos. Ainda assim, a média é alta: no ano passado, por dia, foram ao menos seis desaparecidos.
Leandro Ritt, delegado-chefe da Delegacia de Repressão a Sequestros (DRS), alerta que o registro de boletim de ocorrência deve ser feito imediatamente. “Nessas situações, muitas pessoas acham que precisam esperar 24 horas. Não precisa. O registro tem que ser imediato, a partir da constatação do desaparecimento”, alega. Para isso, não é preciso buscar nenhuma delegacia especializada – a mais próxima de casa basta.
Família
Conforme Ritt, a ajuda da família é importante. “Porque, na maioria dos casos, os desaparecidos retornam ao lar depois de alguns dias. Normalmente são casos de problemas pessoais, drogas, psiquiátricos”, aponta.
A divulgação na internet, inclusive, pode ajudar na localização. “Nesses casos, redes sociais ajudam bastante. Quando o desaparecimento envolve um crime, a autoridade policial pode até pedir para não divulgar. Mas é importante saber que cada caso é um caso e que tem que ser analisado junto com o agente responsável pela investigação”, acrescenta o delegado.
AJUDE
O desaparecimento do jovem está sendo investigado pela 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho II). Jerônimo Amorim Oliveira saiu de short, camisa e chinelo. Segundo a família, ele tem 70 kg, 1,80 m, cabelo liso, olhos castanhos e tem uma barba rala. Quem tiver qualquer informação pode ligar nos telefones: (61) 9.9987-5996 ou 9.9999-7653.
Fonte: Jornal de Brasília