Nas mãos de Caiado está a vida ou a morte da Chapada dos Veadeiros
Passou meio despercebido da mídia goiana a declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ), de que pretende privatizar os parques nacionais.
A ideia do presidente é que 20 parques nacionais – entre eles a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, Jericoacoara(CE), Lençóis Maranhenses (MA), Chapada dos Guimarães (MT) e Aparados da Serra (RS); e juntamente com os parques revisar a criação de todas as 334 unidades administradas pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio).
Sobre a Chapada dos Veadeiros, no Nordeste Goiano, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, fez uma declaração sinistra:
Mineração e usinas ameaçam Chapada
O governador Ronaldo Caiado (DEM) deve se preocupar, particularmente, com esta declaração do ministro, “toma que o filho é teu”.
O Rialma hoje é gerido por Emival Ramos Caiado Filho.
Na sua página na internet, a empresa se define como “um grupo privado que atua nos segmentos de energia, agropecuária e mineração”.
Os projetos para as hidrelétricas somam juntas R$ 1 bilhão, sendo que uma delas, a PCH Santa Mônica, seria instalada no Rio das Almas, em território do Kalunga, e outras seis no Tocantinzinho, que ameaçam destruir áreas de preservação e turismo locais.
O Ministério Público instalou procedimento contra o projeto no território Kalunga. através da Procuradora da República do do Distrito Federal, Luciana Loureiro Oliveira, e da promotora de Justiça de Luziânia, Úrsula Catarina F. Silva Pinto:
“O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado de Goiás requerem, em antecipação de tutela, a ser deferida com fundamento no art. 12 da Lei nº 7.347/85 c/c arts. 273 e 461, § 3º, do CPC, que esse Juízo suspenda o processo de licenciamento referente as obras da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Mônica, de responsabilidade da SEMARH/GO e da empresa RIALMA S/A.referente as obras da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Mônica, de responsabilidade da SEMARH/GO e da empresa RIALMA S/A”.
Licenciamento à jato
Quando ainda estava no Senado, Ronaldo Caiado apoiou o projeto de lei 654/2015, do senador Romero Jucá (MDB-RR), que estabelece o afrouxamento dos critérios para concessão de licenças ambientais.
O projeto de Romero Jucá, conhecido como “licenciamento a jato”, foi reeditado sob a forma do Projeto de Lei do Senado 168/2018, do senador Acir Gurgacz, do PDT de Rondônia.
Preservar ou destruir
O governador Ronaldo Caiado tem pela frente uma decisão difícil. Pode aderir à proposta do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Ricardo Salles e lavar as mãos em relação à Chapada dos Veadeiros – e pagar o ônus politico que podem advir do empreendimento dos seus familiares naquela reserva ecológica, ou pode tomar uma atitude firme de preservar uma das últimas reservas naturais de Cerrado de nosso Estado.
As serras, rios, córregos e nascentes da Chapada dos Veadeiros, são responsáveis pela formação das águas das bacias Amazônica e Paraná.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o Cerrado apresenta apenas 6,77% de seu território legalmente protegido por unidades de conservação, sendo 3,88% de unidades de conservação de uso sustentável e 2,89% são unidades de conservação de proteção integral. De acordo com especialistas, o mínimo indicado pela Convenção da Diversidade Biológica é de 10 %.
Está nas mãos do governador a decisão de ajudar a preservar a flora, a fauna e, principalmente, a água dos rios, ou seguir a lógica mercantilista e por fim ao que resta de reserva ambiental em Goiás.