Policial acusado de ameaçar Natuza Nery em supermercado atacou urnas e defendeu golpe
Suspeito de ameaçar a jornalista Natuza Nery, da GloboNews, na noite da última segunda-feira (30/12), o policial civil Arcenio Scribone Junior fazia publicações nas redes sociais defendendo intervenção militar e questionando o resultado da eleição de 2022. Ele dizia que o Supremo Tribunal Federal (STF), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a “esquerda no geral” formavam uma “quadrilha”.
Investigador de classe especial, recebeu mais de R$ 15 mil do governo do estado no mês de novembro. Após a suposta ameaça à apresentadora, que teria ocorrido em um mercado do bairro de Pinheiros, na zona oeste da capital, Arcenio se tornou alvo de uma investigação na Corregedoria da Polícia Civil.
Em 8 de dezembro de 2022, o investigador publicou no Twitter uma foto de uma manifestação a favor de um golpe de Estado no país e escreveu: “Nessas horas tenho orgulho de ser brasileiro. Nosso povo está vivo”. Na imagem, é possível ver faixas com os dizeres: “Forças Armadas salvem o Brasil”.
Uma outra fotografia, publicada no mesmo dia, sugere que ele esteve em frente ao Comando Militar do Sudeste, sede do Exército que fica na capital paulista, para defender a intervenção. “Temos muitas pessoas no Ibirapuera”, afirma na legenda. “Resistência”, “Brazil was stolen (Brasil foi roubado)”, dizem cartazes que aparecem na imagem.
Dias depois, em 12 de dezembro, Arcenio divulgou uma notícia falsa dizendo que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado no segundo turno do pleito presidencial, teria na verdade obtido 73,5% dos votos, contra 26,5% do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito na ocasião.“Esta é a realidade que a mídia tentou esconder dos brasileiros”, diz o texto. Segundo a postagem, o “resultado real das urnas” teria sido obtido após hackers “quebrarem os códigos fonte”.
“Agora você sabe o quanto fomos roubados. O Brasil não tem 60 milhões de apoiadores de bandidos”, continua a publicação.
Investigação
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), após ser ameaçada, Natuza acionou a Polícia Militar (PM) por meio do 190. Ela e o policial civil foram conduzidos até o 14º Distrito Policial (DP), em Pinheiros, onde a ocorrência foi registrada.
Ainda segundo a pasta, a Corregedoria da Polícia Civil assumiu as investigações assim que foi informada do caso, “realizando diligências no estabelecimento em busca de imagens do ocorrido e eventuais testemunhas”.
Com texto do Metrópoles
A investigação no âmbito administrativo pode resultar no afastamento do policial.