Coitadinhos: funcionária pública resgata gambá atropelada e descobre 8 filhotinhos “surpresa”

Dia 12 de agosto de 2018, no domingo de Dia dos Pais, a funcionária Pública Mireille Macarini Salera Penteado, de 46 anos, encontrou uma mãe em apuros. 


O detalhe é que ela ainda não sabia disso. 


Numa rua, próxima à sua casa na cidade de Pirassununga (SP), uma fêmea de gambá-de-orelha-branca havia sido atropelada e foi resgatada por ela. 

“Aparentemente ela não estava muito machucada, mas andava em círculos, por isso imaginei que era grave”, relembra.

Ao levar a pequena gambá ao veterinário descobriu que estava com um traumatismo craniano e que não sobreviveria sozinha na natureza, por isso decidiu cuidar dela. 

Sem saber nada sobre esses animais, Mireille apelidou-a de Babalu e, através de pesquisas e consultas a biólogos e amantes da espécie, compreendeu as necessidades do animal. 

“Não sabia do que se alimentavam e não fazia ideia de que eram limpos. Como a maioria das pessoas, eu imaginava que eles tinham mau cheiro”, confessa.

A observadora se surpreendeu ao ver Babalu sentada utilizando as mãozinhas para limpar os pelos e, olhando atenta para esse movimento, se deparou com uma novidade ainda mais chocante. 

“Enquanto ela estava se lavando, eu observei uma abertura na barriga dela e vi um filhote se mexendo”, conta Mireille. 

Ao levar a gambá ao veterinário, confirmou o que imaginava: 8 filhotinhos estavam todo o tempo escondidos no marsúpio (bolsa externa de alguns mamíferos, semelhante a de cangurus).

Conversando com os profissionais, a cuidadora compreendeu que os pequenos são animais silvestres e não poderiam ser criados como domésticos. 


“Foi então que eu decidi transformar meu banheiro em uma floresta (risos). Meu irmão mora em uma chácara e me trazia galhos com frutas silvestres.

Eu os amarrava para que os filhotes pudessem subir para comer e também escondia ovos e outras frutas entre as folhas que eu espalhei no chão”, explica.

Simulando o ambiente silvestre em seu banheiro, a funcionária pública criou uma rotina: 

por conta dos hábitos noturnos dos gambás, limpava o local e arrumava a disposição dos alimentos no final da tarde, logo que chegava do trabalho, e evitava entrar no banheiro no período da noite, para não criar vínculo com os filhotes. 

Enquanto isso, escolhia uma área afastada da cidade, com várias árvores frutíferas, como habitat possível para eles e, depois de meses de cuidado, libertou os pequenos.

Terminada a saga da gestação dos pequenos, Babalu voltou ao centro das atenções da família e até recebeu um viveiro para ela no quintal, com direito a um pé de pitanga exclusivo. 

Já fazia quase um ano desde seu atropelamento e Mireille percebeu que a gambá estava ficando diferente: dormia muito e havia perdido o apetite. 

“Foi então que eu fiquei sabendo que eles (os gambás) têm uma vida muito curta e, na natureza, vivem em média dois anos”, conta a funcionária pública.

Babalu foi enfraquecendo aos poucos até que, um dia, Mireille foi ao viveiro de manhã e percebeu que ela havia partido. 


Apesar da tristeza de ter perdido uma companheira, a cuidadora conta que sentiu que havia cumprido seu dever. “Sei que fiz o que pude para proporcionar uma vida feliz para ela e os filhotes”, comenta.

Texto: G1

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