Poliomielite: muito além das gotinhas e da paralisia das pernas
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A doença também pode causar insuficiência respiratória.
“Engana-se quem acredita que a vacina contra a paralisia infantil (poliomielite) é apenas aquela da gotinha.
O esquema vacinal acontece antes: no primeiro ano de vida a criança precisa receber, de forma injetável, as 3 doses da vacina contra a pólio, o que prepara o sistema imunológico para combater o vírus e receber as doses futuras da vacina, essas sim, via oral, a famosa gotinha”, declara Dra. Mariele Morandin Lopes, médica alergista e imunologista pela USP.
A poliomielite é uma doença infectocontagiosa aguda e a imunização contra ela deve ser iniciada a partir dos 2 meses de vida, com mais duas doses aos 4 e 6 meses, além dos reforços entre 15 e 18 meses e aos 5 anos de idade.
O vírus da poliomielite é transmitido entre as pessoas por gotículas de saliva, tosse ou espirro, além de objetos contaminados.
Febre, dor no corpo, na cabeça, vômito mal-estar, diarreia, dor de garganta, espasmos musculares e rigidez na nuca fazem parte dos sintomas.
Na forma mais grave, acontece um tipo de flacidez muscular, e a paralisia geralmente se dá nos membros inferiores, mas também pode deixar sequelas como insuficiência respiratória.
Embora ocorra com maior frequência em crianças menores de quatro anos, também pode acometer adultos.
“Por ter sido erradicada há quase 30 anos, muitas pessoas desconhecem verdadeiramente os perigos dessa doença. Além de deixar uma criança sem poder andar para o resto da vida, a pólio pode comprometer as vias respiratórias e, inclusive, levar ao óbito.
Trata-se de uma doença muito séria e precisamos evitar que ela ressurja”, declara a médica que também faz parte da equipe técnica da Clínica Croce, centro de vacinação de adultos e crianças.
De acordo com o DataSUS, a queda nas coberturas vacinais no Brasil faz do retorno da pólio uma possibilidade cada vez mais próxima.
Só na cidade de São Paulo, os números já ilustram essa queda: em 2018, foram 92,55% de imunizados contra 85,11% (em 2019), 75,73% (em 2020), 67,13% (em 2021) e 38,52% (até outubro de 2022). Os dados podem ser conferidos aqui.
Embora a maioria das pessoas que contraia o vírus não apresente sintomas ou tenha quadros semelhantes, uma em cada 200 infecções leva à paralisia irreversível em algum dos membros, em geralmente nas pernas. Entre os acometidos, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.
A paralisia infantil não tem tratamento, mas tem prevenção com a vacina e métodos diários de higiene: lavar bem as mãos, manter a casa limpa, lavar bem os alimentos e utensílios usados para prepará-los.