A identidade digital para a criação de partidos políticos
Por Edmar Araújo*
As notícias sobre a dificuldade que o presidente da República Jair Bolsonaro teria para criar um partido político por meio de assinaturas digitais têm suscitado alguns debates, tanto no meio político como na área de segurança da informação.
Isso porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não acataria qualquer outra assinatura além da produzida por meio de certificados digitais no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil.
Segundo a Medida Provisória 2.200-2, de 24 de agosto de 2001, a ICP-Brasil foi criada para garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de transações eletrônicas seguras.
O mesmo diploma legal estabelece que todas as declarações constantes dos documentos em forma eletrônica produzidos com certificação ICP-Brasil presumem-se verdadeiros em relação aos signatários.
Muito se alega que o certificado digital está restrito a um monopólio. Vejamos os números oficiais desta Infraestrutura: 17 Autoridades Certificadoras de 1° nível, 96 Autoridades Certificadoras de 2º nível, 1443 Autoridades de Registro, 25 Prestadores de Serviço de Suporte, seis Prestadores de Serviço de Confiança e 26.872 Agentes de Registro.
Com tantos entes credenciados, não é possível dizer que haja concentração abusiva de determinado serviço ou produto nas mãos de empresas. Aliás, no mercado de certificação digital podem atuar tanto as privadas quanto as públicas.
Entretanto, em termos de titularidade, a certificação digital está restrita a 0,2% da população.
A respeito da alegação de que os serviços públicos no Brasil vivem na idade da pedra, é importante ressaltar a modernização de inúmeros serviços que deixaram de ser ofertados no balcão para estarem disponíveis 24h, como o Processo Judicial Eletrônico.
Por fim, destacamos a questão do preço. Em 2017, determinada Autoridade Certificadora venceu licitação para prestação de serviços de emissão de certificados digitais ICP-Brasil. Cada certificado digital, do tipo A3, custou R$ 40.
Considerando que este certificado tenha sido emitido com validade de três anos, seu custo seria de R$ 1.12 por mês para identificar e assinar com elevada segurança técnica e jurídica todas as transações em meio digital.
Não estamos a falar de uma assinatura digital superior, mas apenas daquela que detém os melhores mecanismos para associar uma pessoa ou empresa a um par de chaves criptográficas. A ICP-Brasil é o direito de ser quem se é na internet.
*Edmar Araujo é presidente-executivo da Associação das Autoridades de Registro do Brasil (AARB)
Um comentário em “A identidade digital para a criação de partidos políticos”
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Deixa eu entender: não foi o BOLSONARO contra o voto digital. Não é mesmo que luta pela volta da sedula de papel. Então, O voto digital é falível lu inseguro pra ele. Agora, POR interesse em criar um partido só dele, O voto digital é seguro?