Deu ruim: Incentivo fiscal não atrai empresas para Nordeste goiano. Apenas três empresas querem ir para Campos Belos (GO)
O incentivo fiscal de 98% sobre o ICMS, previsto no decreto 8.284/2014 para as empresas que se instalarem em municípios do Nordeste goiano, ainda não foi suficiente para atrair investimentos para a região.
Apesar do decreto beneficiando as regiões Nordeste e Oeste de Goiás ser de 2014, a Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços do Estado (SIC) informou que apenas um frigorífico, no município de Posse, utiliza incentivos fiscais atualmente.
Mas isso ainda é pouco para acelerar o desenvolvimento da região, formada por 20 municípios e que menos gera riquezas em Goiás, pois possui o menor Produto Interno Bruto (PIB), a menor arrecadação de ICMS e o menor volume de exportações do Estado.
Ele explica que são avaliados vários fatores de competitividade, como logística, mão de obra disponível (mesmo que não seja capacitada) e oferta atual e futura de matéria-prima.
“Este conjunto de fatores é que define a relação custo-benefício para um investimento”, diz Portilho.
O economista Aurélio Troncoso, coordenador do Centro de Pesquisa de Mestrado da UniAlfa, lembra que a região ainda tem muitas deficiências de infraestrutura, como uma rede de energia quase toda monofásica, que não suporta grandes indústrias.
“É uma região pobre em infraestrutura, com economia mais baseada na agricultura familiar, turismo e um pouco de mineração, onde as cidades dependem do Fundo de Participação dos Municípios”, completa Aurélio.
Arranjos produtivos
A gerente executiva de Atendimento do Sebrae Goiás, Camilla Carvalho Costa, lembra que um aglomerado de empresas de um mesmo setor num APL eleva a possibilidade de desenvolvimento da região onde estão inseridas.
Já na Região Nordeste, existe apenas uma cadeia produtiva do turismo forte, na Chapada dos Veadeiros.
Em nota, a SIC informa que o governo do |Estado atua para garantir energia elétrica para instalação de indústrias, rodovias que melhorem a logística e outras ações para atrair investimentos para a Região Nordeste, que não teve investimentos significativos nos últimos anos.
A intenção do governo, diz a nota, é fazer valer de fato os incentivos fiscais de 98% para que as indústrias se instalem no Nordeste goiano.
Infraestrutura e logística são básicas
A questão tributária é apenas um item na composição de toda cadeia de formação de custos de uma empresa, e nem é o mais pesado deles.
Ele lembra que o frete é um fator que costuma pesar muito na composição de custos das indústrias.
Por isso, antes de definirem investimentos, as empresas analisam fatores como oferta de energia elétrica, infraestrutura logística e oferta de mão de obra qualificada.
Para Elemar Pimenta, a iniciativa do Estado de oferecer uma tributação diferenciada para essas regiões menos favorecidas é muito louvável, mas quando as empresas jogam outros fatores na ponta do lápis, o incentivo ainda pode não ser suficiente para viabilizar o investimento.