Guias turísticos acobertavam João de Deus. Ele atuou em Campos Belos (GO)
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ofereceu, no dia 26 de dezembro de 2019, a 12ª denúncia contra João Teixeira de Faria por crimes sexuais praticados contra duas vítimas.
O envolvimento dos guias na prática dos crimes sexuais, de acordo com os promotores de Justiça que integram a força-tarefa instituída pelo MP-GO para apurar os crimes cometidos por João Teixeira de Faria, é decorrência da relação de confiança estabelecida com as vítimas e suas famílias, a ponto de elas confidenciarem a eles os atos sexuais a que haviam sido submetidas.
Segundo os promotores de Justiça Renata Caroliny Ribeiro e Silva, Augusto César Souza e Paulo Penna Prado, mesmo após tomarem conhecimento real dos abusos sexuais que aconteceram com as vítimas durante os atendimentos individuais com João Teixeira de Faria, muito além de serem coniventes com os referidos abusos, e não adotarem qualquer providência no sentido de evitar a sua ocorrência ou amparar as mulheres vitimadas, os guias atuaram energicamente visando acobertar as práticas ilícitas e impedir que as vítimas acionassem a justiça.
No entendimento dos integrantes da força-tarefa, os guias visavam, de um lado, assegurar a impunidade do agressor sexual e principal responsável pelas atividades desenvolvidas na Casa Dom Inácio de Loyola, e a manutenção de seu status quo como guias do local, de onde auferiam renda e prestígio.
A rede de proteção comportava-se ativamente para que as vítimas fossem persuadidas de que a prática realizada durante os atendimentos individuais por João Teixeira de Faria não se tratava de abuso sexual, mas de uma parte do processo de cura e limpeza espiritual, o que redundava na continuidade dos abusos e de todo o esquema criminoso.
Embora os crimes sexuais praticados no ano de 2009 estejam prescritos para João Teixeira de Faria, o mesmo não ocorre com relação aos guias denunciados, cujas idades não são superiores a 70 anos.
O MP-GO detectou que, dentre as falácias que os guias denunciados proferiam às vítimas para assegurar a continuidade dos abusos, destacam-se afirmações de que as ejaculações de João Teixeira de Faria eram limpeza espiritual, de chacras, realizada por uma entidade incorporada naquele por meio de uma relação sexual com as vítimas, e que eles mesmos já teriam se submetido a essa limpeza, porém, quem realizava esse tipo de trabalho em homens seria outro funcionário da Casa Dom Inácio de Loyola.
João Teixeira de Faria foi denunciado por três crimes sexuais cometidos contra duas vítimas.
O MP-GO ofereceu 12 denúncias contra João Teixeira de Faria por crimes sexuais, envolvendo 59 vítimas cujos crimes não estão prescritos e 89 prescritos.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social do MP-GO