Prefeitos voltam a penalizar educação das crianças com medidas restritivas
Por Dinomar Miranda,
Há dois anos que a humanidade vem tentando combater e aprendendo a lidar com a pandemia do Covid-19.
No assombro de meados de 2020, sem vacinas e sem conhecimento do tamanho da ameaça, coube às administrações públicas locais restringir atividades e até decretar o fechamento total de tudo, conhecido como lockdown.
Desde então, uma das classes humanas mais afetadas neste pandemônio todo, onde ninguém sabe o que fazer, foram as crianças.
Elas foram as primeiras as serem impedidas de irem à escola, de brincar nas ruas, de ir à casa dos avós, de ir ao shopping e a aniversários.
Quando surgiu a vacina, os idosos foram os primeiros a serem beneficiados. Enquanto isso, às crianças, nada. Nem escola, nem vacinas, nem futuro.
Os adultos, sabichões, têm decidido por elas.
Chegou-se a novembro de 2021, com mais de 80% dos adultos vacinados e um grande fluxo de pessoas começou a relaxar com as normas de segurança, inclusive este escriba, crentes de que o pior já tinha passado.
E as crianças, ainda sem vacina e sem escola presencial. A esperança era o retorno escolar depois da virada de ano.
A vacina pediátrica, por seu turno, se tornou uma odiosa disputa política, de arrepiar até o “Zé Gotinha”.
Uma discussão tola e sem sentido, como se os brasileiros, desde bebê e há décadas, não estivessem acostumados a terem tido as bochechinhas espremidas para as gotinhas contra a paralisia infantil ou as espetadas de agulhas para debelar a coqueluche, o tétano, a catapora, rubéola, difteria, HPV, tuberculose (BCG), menigite, caxumba, hepatite, febre amarela, gripe, a pneumonia.
Somos ases em receber imunizantes, desde os primeiros dias de vida.
E por que essa gritaria contra a vacinação em crianças, no combate ao Covid?
Baboseira, politicagem pura. Coisa mesquinha e pequena de quem não tem compromisso com a sociedade e preocupação com as outras pessoas.
Novamente, quem foi os mais prejudicados? As crianças, é claro.
Em dezembro, os adultos, todos vacinados e com o arrefecimento do Covid-19, começaram a perambular, passear, fazer festinhas, ir às praias, curtir a vida como se não tivesse o amanhã.
Os sabichões estavam até planejando um senhor carnaval! E quem foi junto nas andanças de fim de ano e ainda não vacinadas? As crianças, óbvio.
Os adultos se lixaram para elas.
Mas, eis que surge a tal da omicron e seu tsunami de contaminação. Qual o primeiro grupo proibido de ir à escola? As crianças.
Deixe-me ver se entendi. As crianças não podem ser vacinadas, mas podem ir com os pais nas suas perambulações. Aí quando surgem novas restrições, elas novamente são as primeiras a “pagarem o pato”, não podem ir à escola?!
Ontem (12), em Campos Belos (GO), uma das primeiras ações dos prefeitos para tentar barrar o avanço da omicron, em normativo restritivo, foi novamente esconder as crianças e impedi-las de irem às aulas. É justo isso?!
Veja o que diz o Decreto do Prefeito de Campos Belos:
“Art. 6º- As aulas da Rede Pública de Ensino Municipal iniciarão no dia 20 de janeiro de 2022 em Regime Especial de Aulas Não Presenciais – REANP, prorrogando o retorno das aulas em regime presencial, com data de retorno a ser programada dependendo do cenário epidemiológico, conforme orientação da Nota Informativa nº 01/2022 da Secretaria Municipal de Saúde.
Art. 7º- Fica determinado que a Secretaria Municipal de Saúde deverá inspecionar e exercer a fiscalização, através da garantia do cumprimento das normas deste Decreto, ficando os estabelecimentos que desacatarem as medidas ora adotadas sujeitos à interdição e demais penalidades cabíveis.”
Não está certo.
Tenho que impedir as crianças de irem à escola é um fardo social muito grande e caríssimo.
Os prejuízos são incomensuráveis para quem está há mais de dois anos presas dentro de casa e impedidas de se educarem e de construir seus futuros. Na educação, o templo é implacável.
Há que se ter outra opção aos senhores prefeito. Criança fora da escola não é mais suportável.