Retrocesso: Rádio Comunitária de Campos Belos (GO) acaba com programa crítico


Uma notícia, da semana passada, deixou muita gente com a pulga atrás da orelha e triste.


O radialista Hamilton Mendes foi às redes sociais para anunciar e denunciar que o programa que ele comandava teria sido extinto, sem qualquer aviso prévio. 


“Fomos comunicados ontem pelo Diretor da Rádio Atividade FM que o programa A Cidade em Foco não fará mais parte da grade de programação da emissora.

Um novo programa deve ir ao ar, do qual não faremos parte. Fica aqui o nosso agradecimento pelo espaço concedido nesses 400 programas que foi ao ar.

Agradecemos aos nossos apoiadores culturais e a toda comunidade que nos manteve sempre em primeiro lugar na audiência.

Foram 400 programas com total imparcialidade e compromissado sempre com a verdade, buscando dar voz ao nosso povo, na busca de soluções para os problemas que afetam a nossa cidade.

O nosso desejo de boa sorte e sucesso a emissora e aos colegas que lá permanecerá. A Cidade em Foco o programa do povo diz um até breve”, publicou Hamilton Mendes.

Obviamente temos que colocar os “pingos nos ís”.

É muito difícil se fazer um programa radiofônico crítico em qualquer cidade pequena.

Logo a turma que está no poder ou fora dele e que são alvos de críticas começa a reclamar e a torcer o nariz. A pressão é forte, principalmente daqueles que detém o poder.

Recentemente soube-se que um dos “diretores” da Rádio Comunitária da Associação dos Moradores do Setor Cruzeiro, chamada de Atividade FM, teria se aliado ao prefeito do município, Eduardo Terra.

Por si só, isso já seria um posicionamento muito ruim, em todos os sentidos.

É óbvio que mais cedo ou mais tarde essa aliança tenderia para uma ingerência deselegante e não aceitável no principal meio de comunicação da cidade e que chega a todos os lares.

Por essa e outras, este Blog não aceita e nem nunca aceitou qualquer publicidade do Poder Público, principalmente de municípios. E não foram poucas as vezes que tentaram.

Não minha opinião, salvo melhor juízo, a direção da Rádio Atividade deu um passo demasiadamente errado, inaceitável e fora de todos os padrões éticos.

Este é um ano de eleição e não se pode deixar que uma emissora de rádio, principalmente comunitária, seja usada por A ou por B em virtude do controle político ou de uma suposta ferramenta de propaganda.

Pessoalmente, este jornalista, que fez parte do início do rádio em Campos Belos, no início da década de 1990, e como locutor integrou a grade de programação de todas as outras emissoras precedentes, não poderia ficar calado neste episódio, que reputo de muito grave.

Assim sendo, é necessário que o promotor de Justiça da Comarca, Bernardo Monteiro Frayha, interceda e volte a rádio à sua normalidade e neutralidade política.

O que é um rádio Comunitária?

O Serviço de Radiodifusão Comunitária foi criado pela Lei 9.612, de 1998, regulamentada pelo Decreto 2.615 do mesmo ano.

Trata-se de radiodifusão sonora, em frequência modulada (FM), de baixa potência (25 Watts) e cobertura restrita a um raio de 1km a partir da antena transmissora.

Podem explorar esse serviço somente associações e fundações comunitárias sem fins lucrativos, com sede na localidade da prestação do serviço.

As estações de rádio comunitárias devem ter uma programação pluralista, sem qualquer tipo de censura, e devem ser abertas à expressão de todos os habitantes da região atendida.

O como deve ser a programação de uma rádio Comunitária?

A programação diária de uma rádio comunitária deve conter informação, lazer, manifestações culturais, artísticas, folclóricas e tudo aquilo que possa contribuir para o desenvolvimento da comunidade, sem discriminação de raça, religião, sexo, convicções político-partidárias e condições sociais.

A programação deve respeitar sempre os valores éticos e sociais da pessoa e da família, prestar serviços de utilidade pública e contribuir para o aperfeiçoamento profissional nas áreas de atuação dos jornalistas e radialistas.

Além disso, qualquer cidadão da comunidade beneficiada terá o direito de emitir opiniões sobre quaisquer assuntos abordados na programação da emissora, bem como manifestar ideias, propostas, sugestões, reclamações ou reivindicações.

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