Arraias (TO): uma crônica, uma festa, uma crítica


Por Laerte Rocha,



Durma Mamãe ….!!!

Primeiro dia de carnaval, 22 de fevereiro de 2020.

Nesta festividade a juventude, com raras exceções, desnudam-se completamente. As máscaras, ao contrário de serem expostas, são deixadas ao lado. Os resquícios de pudor e civilidade, dão lugar a bestialidade e arrogância.

Horda de jovens, homens e mulheres, ainda na faze de formação corporal e psíquica entregam-se sem receio e pudor a todo tipo de vícios e exageros. 


Usam suas drogas às claras, diante de crianças e idosos em flagrante desrespeito a todos. Vi hoje cinco jovenzinhos de onze a quinze anos de nariz enfiado numa lata, cheirando demonizante química. 


Um vomitou, outro subiu na parede do muro e dois dançaram como zumbis desajeitados. Fiquei triste! São cinco mães que não dormirão hoje, tenho certeza. 

Cinco mães que não poderão ouvir a sirene do carro policial sem que seus corações não doam tanto, mas tanto quase chegando a sangrar, ao vislumbrar dentro daquele veículo seu filho amado. 

O que para quem aciona esse alarme nada parece de anormal, para uma mãe em desespero é um verdadeiro martírio.

Durma mamãe.- Mas como? Só posso rezar!!! E gritar pela boca de minha alma, parafraseando Castro Alves:

“Deus! Ó Deus, onde estás que não respondes?

Em que estrela em que mundo tu te escondes?

Embuçado nos céus?- “ Mas Deus não se esconde, nem se embuça, Ele já deixou as leis universais prontas, como a lei da ação e reação, esses jovens tresloucados de hoje, sorverão o cálice de justiça Divina muito em breve. Reze, como sempre faz. 


“ Proteja, meu filho ó meu Pai, faça que ele volte são e salvo para casa, em nome do Senhor!.”

É essa e similares, as marchas carnavalescas das pobres mães aflitas, excruciadas por filhos desalmados, que há poucos anos foram recebidos com tanto amor e carinho na alegria inocente dos pais que viam nesses rebentos um futuro promissor de prosperidade e esperança.

Quantas vezes, vendo a mãe esse seu filho doente, não ajoelhou-se ao pé de sua cama pedindo ao Pai celestial a restituição de sua saúde e restabelecimento imediato? 


Quantas lágrimas não derramou às escondidas por insucessos desse pequeno, seja por dificuldades no aprendizado das primeiras letras ou porque não pudera no dia de Natal dar-lhe um presente à altura dos seus desejos? 

Ah, quantos sonhos que não se realizaram, quantas noites perdidas em vão! Aquele bebê se transformou nisso? Num robô abastecido por drogas e álcool?

Lembra-se mãezinha? Quando certo dia Deus queria levar seu filho, com mais ou menos dois aninhos? E você louca de amor pediu a Ele chorando que te levasse, mas poupasse o seu anjinho? 


Lembra-se quando seu filho no hospital operando-se, voce saiu a rezar pelas ruas da cidade grande dois quilômetros rua a fora, tão contrita que por milagre não foi atropelada na avenida? Hoje com certa amargura lembra-se dos concelhos do poeta Castro Alves, embora com o coração cheio de amor e decepção, o primeiro supera o outro”

“Ó mãe do cativo! Que fias à noite

A roupa do filho na choça de palha!

Melhor tu farias se ao pobre pequeno

Tecesse o pano da branca mortalha!

Durma mamãe, sussurra um anjo do Senhor! Responde:

Não posso, ele chega já. Leda esperança, a companhia dos amigos vale mais que a comburente dor da mãe! Por fim o sono lhe domina o corpo fraco e cansado. 


Dormindo ouve, vê e sente, seu corpo adormeceu, mas a alma não!- Ouve paços, seu coração se alegra e diz: Graças a Deus! Chegou! A felicidade dura pouco!- Entra rápido o zumbi, apanha sorrateiramente os últimos trocados da velha mãe e sai célere rua abaixo sem uma gota de remorso.

Mas a mãe acoberta tudo, aguenta tudo calada, não deseja que seu filho seja taxado de ladrão, compreendo, o coração de uma mãe expande-se na proporção do sofrimento que um filho lhe causa.

Lembro-me de um exemplo: Um jovem, semelhante aos desvairados de que estamos tratando, enveredou-se pelos descaminhos da vida e teve a vida ceifada por vampiros espirituais “encostos”. 


Esse jovem, por suas atitudes descontroladas de vícios e vicissitudes deu abertura para a perseguição de entidades malfazejas que o dominaram, torturaram até levar-lhe a sepultura. A mãe, louca de amor e revolta, e tendo mediunidade vidente, foi visitá-lo

No cemitério e proferiu o seguinte:

“-Ouço o teu apelo desesperado, meu filho, choro as suas lágrimas sem consolo e a saudade me punge a alma sombreia as minhas horas terrenas, já sem esperanças, porque tu eras a minha alegria, o meu tesouro. Sou responsável pela tua aflição e sei que ela é um inferno a destruir-te, a pouco e pouco, fazendo-te arder em chamas ininterruptas. 


Os teus, são também meus inimigos. Aqueles que te magoaram, ficaram assinalados pela minha mágoa e indiferença que aguardarão o momento para o deforço próprio…Vejo-te, meu filho, atônito, tentando desembaraçar-te dos grilhões carnais, que te retêm ao corpo em putrefação, como se nadasse, semi-afogado, num oceano descapelado, cujas águas em movimento, não te dão trégua, não oferecendo repouso ao infeliz que sobraça o próprio desespero. 

O desconforto que te asfixia, sem destruir-te, igualmente me faz desfalecer , quase me alienando…

Empenharei tudo pela tua libertação, meu anjo crucificado, mesmo que o meu seja o contributo do deperecer das minhas forças até a exaustão da vida, libertar-te-ei de ti mesmo e da chusma de algozes impenitentes que te levaram a insânia do suicídio e te excruciam ainda, vampirizando-te e enlouquecendo-te..

Ofereço-me, meu filho, pela tua libertação. Mesmo que por todos desprezado e ferido, eu te amo e aqui estou ouvindo-te e vendo-te a chamar-me , sem palavras, com o pensamento desvairado, que me encontra…

“Victor Hugo”.

Como podemos observar o amor incondicional da mãe para com seu filho, transcende a vida terrena, cresce, expande-se e se ilumina até após a existência terrena.

Ah, se os filhos amassem suas mãezinhas somente a metade do que elas lhes amam, o mundo seria outro…

Qual será o futuro dessa juventude? O tempo passa rápido, como diz Gregório de Matos:”

Nasce o sol e não dura mais que um dia!

Depois da luz, se segue a noite escura,

Em triste sombra, morre a formosura

Em contínuas tristezas a alegria…

Queremos enfatizar aqui mais uma vez, que existem, graças a Deus, exceções na juventude atual. Conheço diversos jovens, progressistas, obedientes e respeitosos, trilhando o caminho do bem.

– Não se lembram mais de serem cavalheiros gentis e respeitadores com seus pares, sem pudor algum no primeiro encontro, saem se gabando de haverem “ficado ” com sua namorada. 


Essa mocinha que você trata como coisa sem valor, lembre-se, tem uma família que a ama, que zela por ela e a quer ver bem acompanhada e respeitada pelo seu parceiro ou companheiro.

Pergunto aos senhores: Como serão os filhos dessa geração atual?- Com certeza piores, mais desalmados, indiferentes e desumanos-Porque pais desse nível não podem dar bom exemplo aos seus descendentes. Pois bem, é aí que entra a lei da AÇÃO E REAÇÃO, que lhes falei antes. 


O sofrimento dos algozes de hoje serão infinitamente maior que os de seus antecessores, tenham certeza.

Espero que essas humildes palavras toquem os corações de alguns jovens e os façam refletir sobre a responsabilidade e a caridade de poderem dizer com amor e afeição: DURMA MAMÃE, DURMA PORQUE EU ACORDEI PARA A VIDA…

Laerte Rocha. Arraias (TO), 23 de fevereiro de 2020; às 5:19 da manhã…

5 comentários sobre “Arraias (TO): uma crônica, uma festa, uma crítica

  1. Que maravilha de resenha, muito bem descrito uma situação que é real e perigosa ao passo que as drogas dominam os jovens de minha terra Natal.

  2. Eis a pergunta que não quer se calar: Qual será o futuro dessa juventude?
    Sábio poeta,conterrâneo, que esses versos adentrem, sobretudo, o coração dos jovens arraianos.

  3. É UMA TRISTE RALIDADE,QUE NOS CERCAM.EU AGRADEÇO AOS MEUS PAIS,PELA CRIAÇÃO RÍGIDA QUE TIVEMOS,MAS GRAÇAS A DEUS,TODOS PROSPERAM PELO CAMINHO DO BEM.E SOU GRATO A DEUS TAMBÉM,PELOS MEUS FILHOS,QUE JAMAIS ENVEREDARAM PELO CAMINHO DA PERDIÇÃO.HOJE,SINTO ORGULHOS DOS MEUS FILHOS,TODOS FORMADOS E BEM DE VIDA.

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