UEG de Campos Belos recebe lançamento de livro de ex-aluno


“O livro, produzido a partir da dissertação de mestrado do ex-aluno da UEG, conta a história do manicômio, Adauto Botelho, de Goiânia, e se alicerça na história da loucura a partir da epistemologia de Nietsche e Foucault”

O ato de lançamento do livro, “História da loucura: o projeto do manicômio Adauto Botelho de Goiânia”, do pesquisador Ronivaldo de Oliveira Rego Santos, aconteceu nas dependências da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Campos Belos no último dia 13 e contou com a presença de alunos da UEG, convidados do autor, autoridades de Campos Belos e região, e demais membros da comunidade universitária.

O lançamento da obra ocorreu no formato de uma Mesa Redonda que, trouxe à UEG o debate sobre olhares acerca do livro, tendo como participantes, os professores, Idonizeth Alves, Junia Januária e Adelino Machado, além, obviamente, do próprio autor, que ao trouxe a síntese do trabalho a partir destes múltiplos olhares e das intervenções do público presente ao evento.

Na Mesa Redonda, que avocou um subtema ao título do livro: “Tensões necessárias entre leitores e autor”, Alves retratou as “tipologias” de loucuras “produzidas” pela sociedade, especialmente a partir das forças hegemônicas em cada tempo histórico. 


Januária por sua vez dissertou acerca do campo discursivo e estruturação linguística na constituição dos sujeitos. Já Adelino falou sobre a importância de um livro com essa abordagem teórica para repensar a estrutura civilizatória, tanto em Goiás, como em todo o país.

“É bastante singular a decisão do professor Ronivaldo de lançar este livro na UEG. Esta foi e sempre será sua casa. Foi neste espaço que tantas vezes a obra, no seu prelo, se viu sendo construída. 


Portanto, a UEG recebe de braços abertos o autor e toda a comunidade neste evento que é um marco histórico para a região em face de ser o primeiro livro de caráter científico a brotar desse território em Goiás”, acrescentou Adelino, que também é o Coordenador da Unidade.

Sobre o autor

Licenciado em Pedagogia pela Universidade Estadual de Goiás, UEG – Campos Belos, e mestre em História (área de concentração: Cultura e Poder) pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Ronivaldo de Oliveira Rego Santos é professor efetivo da Rede Municipal de Ensino de Campos Belos.

Ronivaldo, em 2014, tornou-se professor da UEG e lecionou na instituição até dezembro de 2019. 


Como ele próprio se autodeclara, é um apaixonado pela Filosofia (sendo pós-graduado também nessa área), tendo assumido na Instituição especialmente as disciplinas que orbitam esse campo do saber, qual sejam, filosofia da educação, história da educação, direitos humanos e cidadania, e outras que auxiliam na formação social dos sujeitos.

“A UEG me possibilitou muitas conquistas. Como professor desta unidade, além dos amigos, conquistei muito profissionalmente. 


Veja que muitos dos artigos que publiquei foram apresentados primeiramente na UEG Campos Belos. Dois deles, são recortes da minha monografia. 

Além disso, organizei meu primeiro livro sendo docente da UEG. Lançar o livro atual neste campus é uma forma de reconhecimento por tudo que essa instituição fez por mim”, acrescentou Ronivaldo.

Sobre a obra

Homônimo, em seu título, de uma das produções de Michel Foucault (“Histoire de la folie à l’âge classique”), “História da loucura: o projeto do manicômio Adauto Botelho de Goiânia”, é um estudo histórico acerca do modo como as relações de poder possibilitaram a projeção do Hospital Psiquiátrico Prof. Adauto Botelho. 


Trata-se, portanto, de um estudo quem tem como objetivo mostrar os movimentos que possibilitam a concepção, o projeto e a construção dessa instituição, que fazem do Adauto um acontecimento no interior da cultura nacional e regional.

Construída em Goiânia e inaugurada em 1954, essa instituição faz parte de um processo pretensioso de modernização, civilização e melhoramento da raça, presente no Brasil, desde pelo menos meados do século XIX.

Por meio de um conjunto importante de fontes primárias, utilizando-se de dos discursos políticos, da literatura e dos periódicos produzidos em Goiás e no Brasil, o autor faz uma genealogia dos processos históricos frente à vontade de colocar o estado de Goiás na rota da institucionalização do combate à loucura.

Outro fato que torna esta obra relevante para os pesquisadores é a análise feita ao Decreto-lei nº 847, de 1947, que cria o serviço de assistência a psicopatas no estado de Goiás. 


Ronivaldo é o primeiro pesquisador a trazer detalhes da normativa histórica que surgiu 10 antes do próprio manicômio, todavia, que dá as diretrizes de um modelo sanitário ao rigor da clausura e dos procedimentos que hoje se provam anti-civilizatórios.

Em síntese, esta obra se insere no interior da tradição iniciada por Nietzsche e continuada por Foucault, para quem a história e a filosofia não poderiam se desvincular uma da outra. 


Trata-se, portanto, de uma obra que busca fazer uma genealogia, no sentido da relação entre os dois autores mencionados. “O livro é indicado para filósofos, historiadores, psiquiatras e para quem, de modo geral, pensa do ponto de vista cultural as questões humanas”, indica Ronivaldo.

“História da loucura: o projeto do manicômio Adauto Botelho de Goiânia”, foi produzido pela Fonte Editorial, ano 2020, e ficará disponível para venda na página da editora, ou diretamente com o próprio autor.

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