Há um século a gripe espanhola mudou o mundo; até gato usava máscara
Arqueóloga Joana Freitas fala das mudanças que poderão ter após o coronavírus
A pandemia de covid-19 está a despertar o interesse da população para as epidemias que já assolaram a humanidade.
Contudo há uma que é considerada a mais letal de todas elas, a gripe espanhola.
“Há cem anos atrás uma pandemia generalizada assolou o globo até às suas partes mais recônditas. Não era uma época fácil, sobretudo no continente europeu onde a primeira grande guerra já contabilizava o seu quarto ano.
Como é possível imaginar, esta pandemia espalhou o terror numa sociedade que vivia ainda em clima de guerra e em que a morte fazia parte do quotidiano.
“Nunca antes uma pandemia tinha feito um número tão extenso de baixas e o mundo não teve capacidade de lhe fazer frente.
O mundo está em alteração. Novos contextos políticos internos e internacionais estão em formação. Há um novo mundo que se forma não só pelo contexto de guerra mas pelo contexto pandémico. Joana Freitas explica alguns desses pontos:
“O mundo que surge depois da 1ª Guerra Mundial é também fruto desta pandemia.
Curiosamente esta gripe atacava os mais jovens e saudáveis, os mais velhos pareciam escapar sem que se conhecesse a causa.
Globalmente a sociedade releva agora novas formas de pensar. Nem tudo o que acontecia ao Homem eram atos de Deus e era necessário estar no controlo das situações.
“No entanto, temos de ter em consideração a época em que ocorre. Por muitos esforços que fossem feitos os mecanismos de proteção e de tratamento eram insuficientes em relação com a complexidade do surto.
No entanto, e segundo as palavras de L. Spinney, especialista nesta matéria há algo que parece caracterizar a humanidade: “a história demonstra que gostamos de reagir em vez de prevenir”.
É o efeito do esquecimento coletivo. Assim que ultrapassamos uma situação danosa a sociedade tende a esquecer rapidamente e, ciclicamente vê-se obrigada a lidar com o mesmo tipo de questões. O papel da história é exatamente esse, impedir que o esquecimento seja total”.