Fiocruz alerta que terceira onda pode ser “catastrófica”

Apesar de ter atingido nesta semana uma média móvel de mortes pela covid-19 abaixo do patamar de 2 mil óbitos, no qual permaneceu por 53 dias, a situação do Brasil preocupa pesquisadores e especialistas.

A apreensão foi exposta na última edição do Boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que mostrou que o país se mantém em um patamar alto de incidência de casos da doença.

Por isso, a instituição alerta que uma nova explosão de casos de infecção pelo novo coronavírus, a partir do patamar epidêmico atual, seria catastrófico.

Na quinta passada, com mais 2.383 mortes, o Brasil ultrapassou a marca de 430 mil óbitos. Além disso, já confirmou mais de 15,4 milhões de infecções.

Segundo os pesquisadores da Fiocruz, o conjunto de indicadores investigados mostra que ainda existe uma intensa circulação do vírus no país, o que traz a ameaça de que os níveis críticos da pandemia permaneçam ao longo das próximas semanas.

“A observada manutenção de um alto patamar, apesar da ligeira redução nos indicadores de criticidade da pandemia, exige que sejam mantidos todos os cuidados, pois uma terceira onda agora, com taxas ainda tão elevadas, pode representar uma crise sanitária ainda mais grave”, alerta o documento.

Isso porque grande parte dos leitos de unidades de terapia intensivas destinadas a pacientes adultos com covid-19 continua ocupada.

Sete estados têm taxas de ocupação iguais ou superiores a 90% e outros seis, mais o Distrito Federal, têm ocupação entre 80% e 89% — situação considerada crítica. Apenas Acre, Amazonas, Roraima e Paraíba possuem índices razoáveis e estão fora da zona de alerta, ou seja, têm menos de 60% dos leitos ocupados.

Sequelas

A Fiocruz ainda chama a atenção de que não se sabe a extensão das sequelas deixadas pela covid-19 em pacientes graves e moderados, que podem impor demandas ao sistema de saúde a médio e longo prazo.

“Nunca é demais lembrar das repercussões da sobrecarga colocada pela covid-19 sobre o sistema de saúde, que terminam por afetar atendimentos de necessidades por outras condições de saúde”, ressaltou.

Para enfrentar a pandemia, o caminho é o mesmo que os especialistas reforçam sempre. “Mantém-se a necessidade de aceleração da vacinação, do distanciamento físico entre pessoas fora da convivência domiciliar, da higiene frequente das mãos e do uso de máscaras de forma adequada”, salientam. Porém, o Brasil pode começar a viver uma crise na fabricação de vacinas devido à matéria-prima para a fabricação.

Diante da situação, a taxa de transmissão (Rt) da doença no país oscila e voltou a subir nesta semana. Segundo o último levantamento do Imperial College de Londres, o índice passou de 0,93 para 0,96.

O número ainda aponta para uma situação considerada controlada, já que está abaixo de 1, índice considerado de descontrole.

No entanto, para se manter baixo e apontar a melhora da pandemia da covid-19, precisa estar alinhado com outros elementos, como números de novos casos e óbitos, taxa de ocupação de leitos e dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).

Com texto do Correio Braziliense

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