Mulheres são barradas nas eleições de Arraias-TO

Karlaam Vieira e 

Daniela José tiveram
 as candidaturas deferidas 

Dez pré-candidatas foram barradas pela justiça eleitoral 

O município de Arraias, sudeste do Tocantins, apresentou
uma estatística curiosa para as próximas eleições.
Todos os candidatos barrados pela justiça
eleitoral para o cargo de vereadores são mulheres. Nenhum candidato homem foi indeferido. 


Para concorrer às nove vagas de vereador, 76 pessoas se
inscreveram junto à justiça eleitoral como candidatas. Foram 25 mulheres (32,9%)
e 51 homens (67,1%). O número de candidatos inscritos  por si só já é uma desproporção.

Ao analisar os processos de registros de candidaturas,
o Tribunal Regional Eleitoral barrou quase a metade das mulheres candidatas. Das
25 pré-candidatas, 10  tiveram os
registros indeferidos pelo juiz-eleitoral, a pedido do Ministério Público.

Coincidência ou não, 
o número de mulheres impedidas de disputarem a eleição é alto. Os motivos
dos indeferimentos não foram divulgados pela justiça eleitoral.  

Agora apenas 19% do total de candidatos a
vereador são mulheres.


Segundo dados do IBGE, o município de Arraias tem uma
população de  10.645 pessoas. 

Tecnicamente
metade de homens (5.393; 50,66%) e metade de mulheres (5.252; 49,33%), para um
total de 8.630 eleitores, de acordo com o Tribunal Superior  Eleitoral.

Os dados
corroboram as estatísticas nacionais de pouca participação da mulheres na vida  política do país.

O Brasil tem apenas de 13% de mulheres no parlamento, ocupando o final
da fila na América Latina. 

O dado é divulgado pela Inter-Parlamentary Union
(IPU), órgão que reúne todos os legislativos do mundo e que compila
estatísticas sobre a presença de mulheres nestas casas.

Pesquisa 

Por que as mulheres candidatas não conseguem se eleger na mesma
proporção que os candidatos homens? Por que as mulheres se apresentam menos na
política? Ou, quando se apresentam, o que acontece para que não tenham tanto
sucesso? Por que os financiamentos de campanha são sempre menores para as
mulheres?
Segundo os pesquisadores Rachel Meneguello e Bruno Speck, professores do
Departamento de Ciência Política da Unicamp e pesquisadores do Centro de
Estudos de Opinião Pública (Cesop)
, a hipótese de que as mulheres teriam
menos interesse pela política, está presente na própria fala de algumas
entrevistadas, que culpam as demais pela baixa representatividade no
parlamento. “Ainda existe este preconceito em relação a si mesmas.

O que de fato acontece – e aí entra outra dimensão da nossa pesquisa –
tem a ver com a presença do machismo. 

Sobretudo as casadas e com filhos, que
têm atribuições domésticas, enfrentam grande dificuldade para dar conta de uma
carreira política e do casamento.

Dentre as entrevistadas, mais de 20% são separadas. Eleita, a mulher não
se ocupa apenas de legislar, ela tem uma vida dentro do partido e precisa
compatibilizar as atividades com sua vida privada.”

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