D. Tomás Balduíno nasceu em Posse (GO) e fez história na Igreja Católica e no país



O bispo emérito da Cidade de Goiás (GO), D. Tomás Balduíno, que faleceu na noite da ultima sexta-feira (2), aos 91 anos de idade, é natural de Posse, nordeste de  Goiás. 


Teólogo, missionário, piloto de avião, defensor dos direitos humanos, d. Tomás Balduíno, bispo emérito (aposentado) de Goiás – cidade também chamada de Goiás Velho – foi uma das figuras mais ativas e polêmicas da Igreja Católica no Brasil, nos últimos 50 anos.


Religioso da Ordem dos Pregadores (frades dominicanos), nasceu em 31 de dezembro de 1922 na cidade de Posse, em Goiás, Estado onde sempre viveu. Nos anos 1940, estudou Filosofia em São Paulo e Teologia na França, cursos de formação eclesiástica que complementou com uma pós-graduação em Antropologia e Linguística na Universidade de Brasília (UnB).


Ordenado padre em 1948, d. Tomás foi professor de Filosofia em Uberaba (MG), superior da Missão Dominicana e pároco em Conceição do Araguaia (PA). Foi nomeado, em 1966, prelado coadjutor da Prelazia da Santíssima Conceição do Araguaia e, no ano seguinte, bispo da Diocese de Goiás.


Renunciou, por limite de idade, em 1999, mas continuou atuando na ação pastoral junto aos movimentos sociais.
D. Tomás foi cofundador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e seu segundo presidente. Ajudou também a fundar a Comissão Pastoral da Terra (CPT), da qual foi conselheiro permanente depois de se aposentar.
Nas duas entidades, ligadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi defensor incansável dos índios e dos lavradores, sempre brigando pelo direito deles à posse da terra. No Centro-Oeste, fez dupla com o bispo-prelado de São Félix do Araguaia, d. Pedro Casaldáliga.

Em 2006, recebeu o Prêmio de Direitos do Homem Dr. João Madeira Cardoso, pela Fundação Mariana Seixas, de Portugal, e também o título de Doutor Honoris Causa da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, pelo seu trabalho em favor da cidadania e direitos humanos.


D. Tomás não falava sobre problemas de saúde. Até recentemente, fazia natação numa piscina todas as manhãs e sempre estava animado para caminhar nas visitas às comunidades.
Reforma agrária


Os militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ganharam seu apoio e admiração, em todas as partes do País.
“Nossa reforma agrária é ainda a dos militares”, afirmou o bispo em setembro do ano passado, três meses antes de receber uma homenagem no Palácio do Planalto por sua luta em defesa dos direitos humanos.
Aproveitou a solenidade para cobrar da presidente Dilma Rousseff mais pressa na execução da reforma agrária.
Em janeiro deste ano, d. Tomás escreveu um artigo no qual acusava a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), de ter despejado um trabalhador em sua propriedade.
A senadora rebateu acusação e, lembrando ser católica praticante, disse que não reconhecia no bispo o “padre Tomás” que, em sua juventude, pregava o perdão de Deus.
Partidário da Teologia da Libertação, d. Tomás admitiu no programa Roda Viva, da TV Cultura, que essa tendência retrocedeu durante o pontificado de João Paulo II. Criticou a orientação do papa, que, conforme afirmou, reprimiu os teólogos a pedido do presidente Ronald Reagan, dos Estados Unidos.
Defensor de uma Igreja pobre, o bispo emérito de Goiás escreveu uma carta aberta aos bispos, em julho de 2008, sugerindo que as dioceses não construíssem catedrais suntuosas e caras, como aquela que estava sendo erguida em Goiânia, localizada numa área de difícil acesso.
Argumentou com o exemplo da Igreja Universal do Reino de Deus, que constrói catedrais vistosas, mas junto do povo. Depois de deixar o governo da diocese, d. Tomás foi morar no Convento São Judas Tadeu, dos frades dominicanos, em Goiânia.
Com informações e texto do Estadão

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