Cavalcante (GO): Prefeito com medo de morrer



Cavalcante, no Nordeste goiano, vive um clima de medo segundo o prefeito da cidade, João Pereira da Silva Neto (PTC), de 59 anos. 


Após ter a casa alvejada por disparos de arma de fogo na madrugada do último sábado, Neto pede reforço na segurança da região e diz temer por sua vida.


O prefeito é autor de denúncia de corrupção envolvendo vereadores da cidade. O atentado à casa de Neto ocorreu dois dias após ele ser ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violação de Direitos da Criança e do Adolescente, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).


 A CPI investiga a suspeita de exploração sexual de meninas das comunidades calungas, descendentes de escravos na região.


Neto diz que está sofrendo ameaças há quase dois anos. Ele diz que, apesar de ter pedido auxílio às autoridades de segurança, ainda não obteve uma resposta.


O prefeito tentará se reunir hoje com o secretário de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, para solicitar vigilância pessoal. 


“Não adianta tomar providências só depois do fato consumado, como ocorreu em Matrinchã”, diz Neto, se referindo ao assassinato do prefeito da cidade, Daniel Antônio de Sousa, e da mulher dele, Elizeth Bruno de Bastos. Os dois foram encontrados mortos em casa na manhã do dia 4 de agosto.


Depoimentos


Na última quarta-feira, a CPI da Assembleia realizou três oitivas no Auditório Solon Amaral. Foram ouvidos, reservadamente: a promotora de Justiça de Cavalcante, Úrsula Catarina Fernandes Silva Pinto; o juiz da Comarca de Cavalcante, Lucas Mendonça Lagares, e João Neto.


No dia da audiência, o presidente da CPI, deputado Carlos Antônio, disse que as oitivas foram muito “positivas e precisas”, segundo o site da Alego. Os depoimentos, juntamente com as informações repassadas pelo Tribunal de Justiça e pelo Ministério Público, serão cruzados para se chegar ao relatório final que será assinado pela deputada Isaura Lemos (PCdoB).


Os casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes calungas em Cavalcante foram denunciados com exclusividade pelo POPULAR em 4 de abril. Após os relatos das adolescentes, um inquérito foi instaurado pela Polícia Civil.


Documento


Titular da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária, Joaquim Mesquita informou através de sua Assessoria de Comunicação, que o prefeito João Pereira da Silva Neto já foi recebido em seu gabinete pelo menos cinco vezes, a última delas no dia 28 de abril.


Na oportunidade, o prefeito teria sido orientado pelo próprio secretário a formalizar em documento todas as ameaças, além de ter sido colocado à sua disposição o Serviço de Proteção às Testemunhas.


Desde então, conforme a assessoria, Joaquim Mesquita nunca mais foi procurado pelo prefeito de Cavalcante. De acordo com o secretário, um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para investigar o atentado.


“Sinto que vou ser morto. Apesar de ser prefeito, sou um ser humano.”
João Pereira da Silva Neto, prefeito de Cavalcante


Fonte: O Popular

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