Artigo: A eleição para prefeito e vereador, primeiros passos na politica. Cordeiros inocentes andando em terras de lobos vorazes
Por Marco Antônio Tavares*, (Aurora do Tocantins)
Em muitos lugares, no interior do Brasil, nos rincões e paragens com vida pacata, em que o tempo caminha a passos lentos, e as perspectivas de futuro não passa de construir uma casa e constituir uma família.
Se fossemos descrever uma eleição e comparar, se tratariam da mesma narrativa com personagens e lugares diferentes e os mesmos finais felizes e infelizes de sempre para quem disputa uma eleição como iniciante, ou como politico experiente, tarimbado que sabe a hora certa de agir, ou seja, nos meses que antecedem a eleição, para não gastar recursos e não ter o resultado esperado, o voto.
Pelo cotidiano da politica em municípios pequenos com pobreza extrema e necessidades iminentes, diárias e constantes, onde pedir em porta de vereador, prefeito e na prefeitura é talvez o único caminho para se ter alguma solução para alguns problemas de curto prazo, para muitos cidadãos, um botijão de gás, um remédio, uma passagem, ajuda para construir uma casa, e o pedido de emprego que tanto atormentam os gestores.
No interior o povo gosta de politico mão aberta, que se utiliza da maquina pública para se manter no poder, companheiro não passa perrengue, quem é do grupo tem que obter as melhores oportunidades, quando se agrada bem com vantagens financeiras e apoio pessoal seja lá de onde vem, é vitória certa, o povo não se incomoda, não se manifesta, a cultura de ganhar sempre, a velha máxima da lei de Gerson “levar vantagem em tudo que faz”, pois, não se doa em campanha, isso é investimento e tem que ter retorno.
Perder uma eleição só se a situação estiver muito ruim, capengando, atrasando salários, deixando a cidade as moscas, e a zona rural intransitável, e a exposição com farras, festas, carros, construções imponentes e tudo mais que possa demonstrar que é pago com o dinheiro público.
Sempre as mesmas pessoas, uma elite construída pelo menos para os próximos quatro, ou oito anos.
Nesse cenário que surgem os novos grupos políticos que fazem oposição e em suas promessas as palavras de ordens como: “a mudança que o povo quer”, “chegou a vez do povo”, “o progresso continua”, “o povo no poder” e tantas outras demagogias e proselitismo politico, o que muda mesmo são os nomes e endereços, mas o roteiro é o mesmo.
O uso e abuso das instituições como instrumento para a permanência no poder de pessoas que se acostumaram rapidamente com a vida fácil, proporcionada pela vida pública, da indicação aos cargos de confiança sem o mínimo esforço ou competência, das armações em licitações e compras, as propinas e subornos para que tudo seja encoberto transformando o sistema público em um lamaçal de corrupção.
Deve ser bom demais, gastar e não saber de onde vem não analisar os custos, não suar para ganhar o dinheiro que é retirado de todos de forma brutal, pois, a maioria que passa por essa experiência de um mandato eletivo não abre mão, fazem todas as jogadas possíveis para conseguir, manter e aumentar ou recuperar o seu quinhão, seja pelo poder, dinheiro, revanche a politica serve para muitas ocasiões.
Não é terra que se anda sem guia, mapa ou ferramentas e armas que garantam sua sobrevivência ao final da empreitada, até conhecer o terreno muita poeira, decepção e sofrimento, derrotas, traições, esgotamento financeiro e tudo mais para aqueles que entram na vida pública com interesses que não sejam o coletivo.
A certeza da impunidade e a conivência da população que age muitas vezes com o sentimento de vingança, em que se tira um corrupto do poder e coloca um menos ruim, e por vezes recolocando o velho corrupto de sempre, pois, não há nada que esteja ruim que não possa ficar pior, e a realidade se transforma em um ciclo vicioso, coisa que só se ver em filmes, novelas.
O que é certo que o povo não gosta de mudanças, tem medo do novo, é melhor criticar do que abrir mão de levar vantagens pessoais do que participar e construir com a participação popular um lugar melhor para viver e ser feliz. Entender o processo politico como um campo de ideias de projeto, do argumento e valorização da democracia, das ideias progressistas.
Persiste ainda o ranço dos grupos derrotados, do quanto pior melhor, de minar, descaracterizar ao máximo o trabalho de muitos que querem melhorar o serviço e a credibilidade dos agentes políticos, que está desacreditada e que só serve para criar problemas para a sociedade, além dos já duramente enfrentados chegando a certeza que problemas a gente ameniza não soluciona, pois se resolve um surge outro.
*Marco Antonio Tavares de Castro, licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Tocantins, Professor concursado da rede Estadual de ensino do Tocantins, Pós graduando em Educação do Campo: Práticas pedagógicas em educação do campo pela Universidade Federal do Tocantins – UFT, Diretor Regional do Sintet de Dianópolis.