MP aciona ex-presidente da Agetop e mais 8 por fraudes nas obras do Aeródromo de Mambaí (GO)
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) propôs ação civil pública (ACP) por ato de improbidade administrativa contra o ex-presidente da antiga Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), atual Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Jayme Eduardo Rincón; a empresa Castelo Construções e Administração de Obras Ltda. e seu proprietário, Álvaro Dantas, além do empresário Tiago Oliveira, dono da TEF Engenharia Ltda.
Todos eles, como afirma a promotora de Justiça Leila Maria de Oliveira, autora da ação, participaram de um esquema que permitiu o pagamento indevido de mais de R$ 2,2 milhões à Castelo Construções e Administração de Obras, utilizando-se de fraudes de medições (quando são atestadas as etapas de execução da obra) e outras irregularidades, relacionadas à edificação do aeródromo de Mambaí.
Na ação, a promotora requereu o bloqueio de bens dos acionados no valor de R$ 6.641.235,99, como forma de garantir o ressarcimento aos cofres públicos, e a condenação dos acionados nas sanções da Lei de Improbidade Administrativa, de acordo com a participação de cada um.
O caso
Em 2014, Jayme Rincón, então presidente da Agetop, celebrou o Contrato nº 320/2014 com a empresa Castelo Construções e Administração de Obras Ltda., no valor de R$ 3.685.697,59, para execução das obras de construção do aeródromo no município de Mambaí.
A promotora apurou que a primeira medição apresenta o valor de R$ 1.885.129,03.
Após iniciadas as obras e realizadas as primeiras medições, uma comissão de engenheiros da antiga Agetop foi designada para realizar vistoria no local previsto no contrato para instalação do Aeródromo de Mambaí. Contudo, ao chegarem a área exata, os servidores não encontraram qualquer indício de serviços executados.
Mudança de local
“Descobriu-se, então, que as obras começaram a ser executadas em local diverso ao previsto no contrato, inclusive parcialmente no Estado da Bahia, sem que houvesse qualquer documento que justificasse ou formalizasse essa transferência de localização”, relata a promotora.
Apurou-se também que as únicas obras efetivamente executadas nesse novo local foram a terraplanagem e a pavimentação.
A promotora destaca que, mesmo assim, R$ 2.213.745,33 correspondentes às três medições foram pagos à empresa, no início de 2016.
Sindicância arquivada
A promotora relata que, em 2016, foi instaurada uma sindicância no órgão para apurar as fraudes, que foram confirmadas pela Comissão Sindicante, a qual apontou a necessidade de se instaurar Procedimento Administrativo Disciplinar contra Joerlindo Parreira e Marcos Martins Teodoro e Tomada de Contas contra a Castelo Construções.
Nova paralisação
Apesar de todas as irregularidades, a construção do aeródromo foi retomada em maio de 2018, por ordem de Jayme Rincón e Antônio Wilson Porto, desta vez, no local correto.
Em outubro de 2018, foi realizada uma vistoria no local, que atestou irregularidades estruturais, com a não execução na pista, do sistema de drenagem, alambrado, obra civil, terminal de passageiros, casa de guarda-campo e revestimento vegetal.
Subcontratação ilegal
A promotora verificou que, embora o Contrato nº 320/2014 tenha sido celebrado com a Castelo Construções e Administração de Obras, de propriedade de Álvaro Dantas, a pouca parte da construção foi executada pela empresa TEF Engenharia Ltda., que, à época, pertencia a Tiago Oliveira.
Segundo informado em depoimento por ele, antes mesmo que a Castelo Construções e Administração de Obras vencesse a concorrência pública, os dois empresários firmaram uma Sociedade de Cotas de Participação para que sua empresa fizesse as obras.
Fonte: MPGO