Brasil político: Nada é tão ruim que não possa piorar
Por Jefferson Victor,
Há mais de oito anos não há um só dia em que não se ouve falar de corrupção atribuída ao governo do PT.
O tema tem alimentado a mídia de forma incisiva, e isto tem influenciado parte da população que acredita ser a corrupção uma criança de apenas doze anos, conforme sugeriu o FHC, ex presidente.
Não há dúvidas quanto aos levantamentos realizados pela Operação Lavajato, meteram a mão na Petrobrás, as investigações apontam inúmeras irregularidades em propinas direcionadas a políticos, bem como financiamento ilícito de campanhas eleitorais.
Até aí, tudo bem, não há como questionar, as provas são contundentes e não deixam margens para qualquer questionamento.
O que se discute, na verdade, é a seletividade com a qual se desenrola todo o processo. Há um vazamento de informações atribuídas a alguns e omissão e acobertamento em benefício de outros.
É explicita e vergonhosa a atitude de parte do nosso judiciário.
Em dois anos de investigação pela Justiça Federal do Paraná, dezenas de oposicionistas foram citados, nas delações premiadas, apontaram o dedo para figurões da política, no entanto, nenhum foi ouvido, uma forma de resguardar alguns em detrimento de outros.
É estarrecedor ver o presidente da Câmara dos Deputados com tantas acusações e provas, conduzir um processo de impeachment, quando pesa sobre seus ombros desvios milionários das estatais, inclusive, com provas fornecidas pelo Ministério Público da Suíça, onde o parlamentar possui movimentação financeira ilícita, conforme extratos bancários fornecidos à justiça brasileira por aquele órgão.
Não há como inocentar a Dilma, ela tem sua parcela de culpa sim, escolheu mal alguns aliados, como foi o caso do PP, o qual tem mais de trinta e quatro indiciados, dentre eles o Sr. Paulo Roberto Costa, pivô da roubalheira e que foi indicação do referido partido, o qual é comandado por Francisco Dorneles, tio do candidato derrotado, Aécio Neves, e que é o principal articulador da derrubada da presidente.
O vice presidente, Michel Temer, sonha com a faixa presidencial no peito, mas será que ele é íntegro e merecedor do cargo almejado? As propinas atribuídas ao PT não foram usadas para eleger a chapa? Ou será que os recursos dele e da
Dilma vieram de contas separadas?
Há um questionamento moral e jurídico com relação a este fato, não há como imaginar um presidente oportunista se apoderando do poder, de forma vergonhosa.
O PMDB não conseguiu, a longo dos anos, eleger um candidato ao cargo máximo do executivo, e se transformou em um partido movido à cobiça de cargos em troca de “apoio”, usam a tática da divisão interna para forçar o governo a ceder aos seus caprichos através de chantagem.
O que se vê, hoje, principalmente nas redes sociais, é uma grande parte da população apoiando o processo em andamento, muitos imaginam que com a derrubada do governo atual, possa chover ouro e diamantes, e que o Brasil voltará a crescer, e que todos os problemas sociais estarão resolvidos em um toque de mágica.
O momento é de reflexão, há de se deixar, neste momento, de ser um Brasil político para ser um Brasil politizado, há de se medir e pesar todos os fatores que o caso requer.
Há uma instabilidade no país, aos olhos do mundo exterior, uma desconfiança generalizada e isto tem influenciado de forma veemente a economia brasileira, as incertezas podem acarretar uma evasão de divisas e isto pode comprometer de forma incisiva, a sequência de muitos programas sociais que visam a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro.
O momento é de preocupação, difícil saber o que é melhor, o certo é que, nada é tão ruim que não possa piorar, quem viver verá.