“Se segurança não dá a vida por nós, morria todo mundo”, diz deputado que escapou de atentado
Líder do PTB na Câmara, o deputado Jovair Arantes (GO) escapou de um ataque a tiros que vitimou três pessoas em uma carreata de campanha realizada nesta quarta-feira (28) em Itumbiara, município a 200 quilômetros de Goiânia.
Além de Jovair, no ato estavam o vice-governador de Goiás (na foto, à direita), José Eliton Júnior (PSDB), e o ex-deputado federal e ex-prefeito de Itumbiara José Gomes da Rocha (PTB), entre outros.
Candidato a prefeito, Zé Gomes, como era mais conhecido, não resistiu aos tiros que levou na cabeça e morreu, aos 58 anos. Além do petebista, morreram o autor do atentado, identificado como Gilberto Ferreira do Amaral, e o cabo da Polícia Militar Vanilson João Pereira, que escoltava o vice, baleado no abdômen.
Um policial e um advogado da Prefeitura de Itumbiara também foram atingidos por disparos.
O atirador foi alvejado por um dos seguranças do candidato a prefeito no município goiano.Relator do processo do impeachment de Dilma Rousseff na comissão processante da Câmara, Jovair disse ao Congresso em Foco que, se um dos seguranças do grupo não tivesse atuado com prontidão, o resultado do atentado seria ainda pior.
“O segurança começou a trocar tiros com ele [o criminoso]. Se o segurança não dá a vida dele por nós, ele tinha matado era todo mundo em cima do caminhão”, relatou o deputado, dando mais detalhes sobre o episódio.
“Estávamos no caminhão, em uma carreata linda aqui na cidade, quatro ou cinco mil carros na carreata. Uma coisa linda, a cidade em festa, porque o nosso candidato – que era o Zé Gomes – tinha 75% nas pesquisas de opinião.
O povo querendo votar, fazendo festa na rua… Crianças, idosos parando o caminhão. Uma coisa linda, uma festa popular, democrática”, descreveu Jovair.
“Do nada surgiu um maluco em um Fiat Siena, vindo de uma rua contrária, pista dupla. Parou. E a gente o viu parando, mas toda hora para um, desce, vem criança… Então ele vem no rumo da gente e começou a disparar, a uns cinco metros do caminhão.
Disparou e acertou tiro no Zé Gomes, no vice-governador. Nisso, acertou o Célio Rezende [advogado da Prefeitura de Itumbiara], que é um rapaz que estava em cima do caminhão. A certou de raspão no motorista do caminhão”, acrescentou o petebista.Para o deputado, o crime pôs fim à trajetória do candidato com mais probabilidades de vitória, e da forma mais trágica.
“Desespero, covardia. Foi uma coisa bárbara o que aconteceu. Um fato lamentável. Ceifaram a vida de uma das maiores lideranças que Goiás já viu, que é o Zé Gomes.
Ele transformou a cidade quando foi prefeito, por isso que a cidade queria ele. Uma coisa bárbara, muito bárbara, muito triste”, lamentou.
Segundo nota do Governo do Estado de Goiás, o vice-governador José Eliton, também secretário estadual de Segurança Pública, passou por uma cirurgia no Hospital Municipal Modesto de Carvalho e será transportado de helicóptero para Goiânia ainda nesta quarta-feira.
Segundo a nota, ele não corre risco de morte e tem o quadro de saúde estável.
O tucano substitui o governador goiano Marconi Perillo, em missão comercial nos Estados Unidos. Segundo o governo, Perillo voltaria no próximo sábado (1º de outubro), mas já anunciou retorno imediato ao Brasil devido ao atentado.
Por meio de notas (leia-as abaixo), o PSDB goiano, a liderança do PTB na Câmara e o Governo de Goiás lamentam o atentado e as mortes dele decorrentes. Os documentos também fazem referência ao estado de saúde de alguns dos atingidos pelos disparos.
Biografia
Zé Gomes já havia sido prefeito de Itumbiara por dois mandatos (2005 e 2012). Quatro vezes eleito deputado federal, exerceu mandato na Câmara entre 1989 e 2003.
Foi condenado por improbidade administrativa, em 2014, por crime contra o meio ambiente.
De acordo com a denúncia, ele soterrou duas lagoas em área de preservação ambiental.
O jornal Correio Braziliense lembra que Zé Gomes quase teve candidatura impugnada, mas conseguiu a homologação de sua chapa em 9 de setembro último.
Responsável pela análise do caso, o juiz Flávio Fiorentino, da 16ª Zona Eleitoral, avalizou a candidatura com o argumento de que, mesmo em face dos processos em curso contra o acusado, não há qualquer condenação dele por enriquecimento ilícito.
Fonte: Congresso em Foco