Acadêmico do Câmpus Campos Belos escreve carta à UEG pedindo a viabilização do programa de intercâmbio



A Universidade Estadual de Goiás (UEG) está com edital aberto para programa de intercâmbio em Portugal. 


O programa oferece diversas vagas para estudantes matriculados a partir do 2º período ou do 2º ano de curso de graduação, bacharelado, tecnólogo ou licenciatura.


De acordo com a UEG essa é uma das oportunidades que a UEG oferece para seus acadêmicos estudarem no exterior sem pagar mensalidades, entretanto o programa se torna inviável a maioria dos estudantes.


De acordo com a Coordenação-Geral de Relações Internacionais (CGRI) da UEG, toda documentação de solicitação de visto é de responsabilidade do aluno, bem como taxas que forem cobradas para solicitação da documentação. Também são por conta do aluno despesas pessoais como passagem aérea, alimentação e moradia.


Tendo em vista a inviabilidade de participar do programa, assim como a maioria dos acadêmicos da UEG por terem que arcar com os gastos de passagem aérea, alimentação e moradia, Kalebe Luz acadêmico do Câmpus Campos Belos escreveu uma carta pedindo que a universidade ofereça melhores condições para que não só ele, mas todos os estudantes possam participar do intercâmbio.


Carta de petição: 


Sou Kalebe Luz Martins Fernandes e curso o quarto período do curso de Letras Português/inglês e suas respectivas literaturas, na Universidade Estadual de Goiás, câmpus Campos-Belos. 


Neste momento não me atentarei a escrever um texto acadêmico, com todas as formalidades, de fazer citações teóricas ou escrever utilizando a impessoalidade. 


Mas, escrevo agora na primeira pessoa, não apenas para aparecer o sujeito “eu”, mas, para aparecer o sujeito “nós”, que são todos aqueles que contribuíram para a minha chegada até aqui. No cerne do pronome “nós”, estão as pessoas mais importantes da minha vida: meus pais.


Cresci sabendo que eu não pertencia a uma família abastada, e devido às condições financeiras não seriam capazes de me colocar em uma escola particular. 


Sou filho do ensino público, assim como a maioria dos meus colegas. Meus pais sempre diziam: para o pobre existe duas opções de se dar bem na vida, os estudos ou a loteria. Para se dar bem na vida sempre escolhi os estudos, tenho uma probabilidade maior de alcançar meus sonhos.


Terminei o ensino médio, escolhi a área de ciências humanas. Lembro-me até hoje de uma cena marcante, ao receber o resultado positivo do vestibular, corri para contar a novidade aos meus pais. Eles choraram de felicidades e nos abraçamos. Agora sou acadêmico, não menos sonhador, mas, apareceram mais sonhos no meu horizonte. 


Estou indo na contramão para muitos pessimistas, pois almejo ser professor. Para tal posição a busca de conhecimentos é incessante. No exterior, fora das delimitações territoriais do meu país, apareceu uma oportunidade ímpar para a minha vida, estudar em Portugal. 


No entanto, vejo-me limitado, a condição de estudante não me garante renda orçamentária tendo em vista que para que eu tenha um bom aproveitamento optei por não trabalhar, mesmo sabendo das dificuldades, e minha família não tem condições para arcar com todo o custo.


Desse modo, peço à minha Universidade Estadual de Goiás, que viabilize, não só a mim, mas a todos os alunos que tenham interesse, condições para que, de fato, possamos nos inscrever, e participar, do programa de Intercâmbio Portugal. 


Meu desejo não é de sair em busca de uma viagem turística, pelo contrário, sou convicto de que uma experiência como esta me fará crescer como ser humano, bem como enquanto futuro profissional da educação.


Nessa oportunidade, peço-lhes para que não coloquem esse sonho na gaveta em uma sala de administração. Peço para que vocês contribuam para que este sonho se torne real não apenas para o sujeito “eu”, mas para o sujeito “nós”. 


Considerando os dados apresentados pelo magnífico reitor, Haroldo Reimer sobre o questionário socioeconômico dos alunos desta instituição de ensino, por ocasião da colação de grau das turmas 2015, do campus Campos Belos, não é difícil compreender o porquê deste pedido. 


Despeço-me parabenizando a Universidade Estadual de Goiás pela iniciativa de promoção deste projeto de intercâmbio e ratifico também a necessidade de viabilização da participação através de programas de fomento, uma vez que as despesas com passagens e hospedagem pode afastar muitos propensos candidatos da realização deste sonho.


Fonte: DA da UEG

Deixe um comentário