Urgente: Alerta para aumento de síndrome respiratória aguda grave no Nordeste Goiano
Sinal de alerta para a Covid-19, os casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) apresentam tendência de aumento na região Nordeste do Estado, segundo alerta o último Boletim InfoGripe da Fundação Fiocruz, referente à semana epidemiológica 47 (26/11).
Em números absolutos, a variação foi de 6 para 67. Incrementos significativos neste indicador também foram verificados em municípios como Pirenópolis, Campo Limpo de Goiás e outros.
O comparativo de mortes no mesmo período tem entre os municípios, cidades do Sul e Sudoeste de Goiás com as maiores variações porcentuais:
A indicação da Fiocruz foi elaborada considerando o longo prazo, ou seja, intervalo das seis semanas anteriores.
A Srag é caracterizada por sintomas gripais mais exacerbados e que exigem uma internação. Ela pode ser causada pela Influenza ou outros problemas de saúde, mas neste momento, pesquisadores e autoridades consideram que a Covid-19, doença causada pelo coronavírus Sars-CoV-2, tem participação majoritária nos registros do tipo. Os casos de Srag são investigados para saber a causa, mas nem sempre a identificação é possível.
Em todo o Estado, entre a primeira quinzena de outubro e esta semana, a variação nos casos foi de 18,8%. No mesmo período as mortes aumentaram 19,84%.
A Fiocruz ressalva que a interrupção na inserção de registros no Sivep-Gripe – sistema do Ministério da Saúde – entre o fim da semana epidemiológica 45 e começo da semana 46, provocou alteração nas estatísticas. A instituição considera que isto pode resultar em eventual perda na acuracidade da estimativa de casos recentes em alguns locais, mas acredita que com o passar do tempo, isto tenha menos interferência nos resultados.
Pesquisador da Fiocruz, Daniel Villela afirma que a parcela de registros da Covid-19 dentre os casos de Srag pode chegar a 90%, de maneira geral. Ele acredita que eventuais aumentos nas infecções provocadas pelo coronavírus podem estar associados ao abandono de medidas sanitárias por parte da população, como o uso de máscaras. Para ele, é importante ressaltar os cuidados e reforçar a capacidade de atendimento.
“O poder público tem de estar atento à questão do atendimento da rede de saúde. Para as pessoas terem leitos indicados para Covid-19 e Srag com uma taxa de ocupação (abaixo de 80%) que, inclusive permita ter uma absorção de um eventual aumento”, considera Villela.
Variação
A vice-presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems-GO) e que também responde pela Secretaria de Saúde de São João d’Aliança, Andréia Abbes, diz que a situação na região é de relativo controle.
Andréia diz que até o momento a rede pública tem dado suporte adequado aos casos de Covid-19. “A gente ainda consegue tratar os pacientes e os leitos estão com ocupação de 45%.” Ela lembra um caso de um paciente grave que precisou de internação.
Goianésia aparece com variação de 35% nas mortes entre os boletins de outubro e novembro. O secretário de Saúde de local, Hisham Hamida apresentou outros dados à reportagem e disse que o município aumentou a testagem e que há um cenário de “estabilização com tendência de queda”.
SES considera situação normal
Superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim afirma que a região destacada no boletim da Fiocruz com tendência de alta já tinha esta previsão.
A superintendente acrescenta que como a incidência foi baixa no começo, “há muitas pessoas suscetíveis”. A dinâmica da doença, pelo que a gente tem visto lá fora, é em local que você teve menos casos, você pode ter mais registros em um segundo momento, ou então ele vai ser o último a ter o aumento de casos.”
Sobre a estatística, Flúvia ressalva que, em função da instabilidade no sistema do Ministério da Saúde, as análises podem ser prejudicadas. Isto varia se ela é realizada pela data de inserção do caso ou pela data de ocorrência.
A respeito da distância de grande parte dos municípios do Nordeste do Estado para a região Central do Estado, onde está a estrutura mais robusta de saúde, Flúvia diz que há leitos de UTI em hospitais reservados para casos de Covid-19 em Formosa (5) e Porangatu (10).
Questionada sobre uma possível segunda onda, a superintendente disse que a SES-GO não considera que isto esteja ocorrendo em Goiás no momento, mas pode ocorrer no futuro. “Provavelmente, existe uma grande possibilidade de um novo aumento de casos daqui a um mês e meio.”