Possível decadência: Movimento discute manutenção do traçado original da BR-010 em trecho no Sudeste e nordeste de Goiás

O traçado da BR-010, no trecho compreendido entre a TO-050 e a TO-118, na região Sudeste do Tocantins, esteve no centro das discussões da reunião promovida pela Organização Não-Governamental (ONG) Voz das Serras Gerais.

O evento ocorreu nesta sexta-feira, 19, nos Campus da Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Arraias. Mediado pelo ativista ambiental Antônio Aires Costa (o Tõe de Chica), o debate contou com palestras relacionadas à BR-010, cujo movimento busca manter o traçado original.  

Nesta primeira reunião foram debatidos os pontos positivos e negativos e criado o fórum permanente para discutir o projeto.

Conforme os organizadores, caso ocorra a mudança do traçado original para a que está sendo proposta na altura da TO-118 nas proximidades da ponte sobre o Rio Paranã no sentido distrito Campo Alegre até o povoado Príncipe, próximo a cidade de Natividade, ficariam isolados os municípios na região sudeste do Tocantins e da região nordeste de Goiás.

Dentre os municípios estão: Monte Alegre de Goiás, Campos Belos, Novo Alegre, Combinado, Lavandeira, Aurora do Tocantins, Taguatinga, Arraias e Conceição do Tocantins.

Durante o evento, o presidente da ONG Voz Ambiental, jornalista Rodrigues di Sousa, ressaltou a importância da participação das entidades representativas da classe empresarial, uma vez que os impactos visíveis da obra geram preocupações, além de ser notório que a mudança do traçado trará prejuízos do ponto de vista econômicos e social para empresários e empregados. 

Segundo ele, trará também prejuízo ambiental, pois serão devastadas mais de 90 km de matas e cerrados nativos, prejudicando a fauna e a flora.

“Serão investidos cerca de R$ 300 milhões de reais, patrocinando assim o isolamento de populações, apenas para beneficiar alguns mega fazendeiros, deixando de lado uma estrada já pronta faltando apenas uma revitalização e construção de alguns anéis viários”.

O ativista Antônio Aires, por sua vez,  justifica que é melhor lutar agora do que “chorar o leite derramado” depois, já que a previsão dos recursos consta no novo Programa de Aceleração do Crescimento  (PAC).

Tõe de Chica argumenta ainda que é preciso unir forças para tentar conscientizar o presidente Lula, que um investimento tão alto apenas para encurtar distância de poucos km, vai empurrar para o isolamento milhares de pessoas que viveram por anos isolados no passado.

“É importante a participação da sociedade nesse importante momento do debate, para evitar maiores consequências no futuro”, argumenta.

As palestras do evento foram ministradas por profissionais da área de economia, engenharia, ambientalista e jornalistas.

Dentre os palestrantes presentes, destaque para Francisco Viana, doutor em economia e meio ambiente.

Em sua participação, Viana abordou os possíveis impactos econômicos, sociais e ambientais que representará o desvio do trecho da BR-010 com a proposta de deslocar para cerca de 90 km seu novo traçado.

Segundo ele, dentro da perspectiva do desenvolvimento regional, as regiões sudeste do Tocantins e nordeste de Goiás poderão entrar em decadência se não houver mobilização no sentido de reverter ou encontrar alternativas a esse projeto.

Também participaram do debate João Braga, secretário de organização do PCdoB; o jornalista Dinomar Miranda; presidente da ONG Voz Ambiental, jornalista Rodrigues di Sousa; e Evônio Madureira, radialista, presidente da ABAC e diretor da Rádio Estrela FM 104,9 de Combinado.

O evento contou também com a participação de Emival Dalat, estudantes, empresários, conselhos de turismo e meio ambiente, câmaras municipais e população em geral.

Com informações do T1 Tocantins