Nordeste de Goiás debaixo d´água. fenômeno La Niña pode ser a causa

O nordeste de Goiás está debaixo de muito água nesta terça-feira (21).

As fortes chuvas caíram a noite toda e, ainda, na manhã e tarde de hoje.

Cidades como Posse (GO), Mambaí, Guarani de Goiás, Iaciara, São Domingos e comunidades ribeirinhas do Rio Paranã amanheceram irreconhecíveis e são as maiores vítimas.

Os prejuízos materiais são diversos e ainda incalculáveis.

Ainda não se tem notícias sobre mortes e quantidade de pessoas desabrigadas ou desalojadas.

Mas vídeos gravados por moradores dão a dimensão dos prejuízos.

Hotéis, pousadas, residências e casas comerciais tiveram a água subindo metros por sobre as paredes. Pontes caíram e rios transbordaram.

A meteorologia prevê que as fortes chuvas continuarão caindo sobre a região e, com a chegada do verão, pancadas fortes e tempestades também são esperadas.

Há necessidade de a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e as comunidades do nordeste do estado se prepararem para mais repetições dessas enchentes.

O fenômeno La Niña , que se caracteriza pelo resfriamento das águas do oceano pacífico, é, seguramente, o principal fator da imensa quantidade de água que tem desabado sobre a região.

O aquecimento global também tem suas digitais na chuvarada.

La Niña e o El Niño

O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, principalmente nas zonas equatoriais.

Ele ocorre normalmente em intervalos médios de quatro anos, geralmente em dezembro, próximo ao Natal e, por isso, é chamado assim, em referência ao “Niño Jesus” (“Menino Jesus”).

O El Niño causa o enfraquecimento dos chamados ventos alísios (deslocamentos de massas de ar quente e úmido em direção às áreas de baixa pressão atmosférica das zonas equatoriais do globo terrestre).

Esses ventos sopram de leste para oeste, acumulando água quente na camada superior do Oceano Pacífico perto da Austrália e Indonésia.

Assim, quando o El Niño ocorre, a camada de águas superficiais quentes do Pacífico acaba se deslocando ao longo do Equador em direção à América do Sul.

Ventos quentes favorecem a evaporação e, por consequência, a formação de nuvens.

No Brasil, isso normalmente se traduz em mais chuvas na região Sul e menos chuvas nas regiões Norte e Nordeste.

O La Niña é exatamente o oposto.

Durante esse fenômeno, os ventos alísios se intensificam e as águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial acabam se resfriando.

No Brasil, ocorrem chuvas mais abundantes na Amazônia, com aumento na vazão dos rios e enchentes. No Nordeste, isso também significa maior precipitação. No Sul, as temperaturas sobem e há maior ocorrência de secas.

No Sudeste e Centro-Oeste, os efeitos são imprevisíveis.

Geralmente, entre as duas fases, ocorre um período denominado ” zona neutra ” (em que estivemos até recentemente) em que nenhum dos dois eventos está notavelmente ativo e as temperaturas estão acima da média.

Quais são seus efeitos?
Os efeitos do La Niña e do El Niño, que vão de secas a inundações, de fortes chuvas a furacões, sempre dependem da área de oscilação: podem produzir secas na América Latina, fortes nevascas no norte dos Estados Unidos ou secas na Austrália ou nas ilhas do Pacífico.

E embora sigam padrões, isso não significa que cada vez que as condições são ativadas, elas se manifestam da mesma maneira: nenhum evento La Niña é igual ao outro.

Embora as previsões mais precisas para a temporada atual sejam conhecidas no fim deste mês, a NOAA e outras organizações meteorológicas da América Latina preveem “um La Niña de intensidade moderada”.

Isso, no entanto, por si só não prevê as condições em que se manifestará, pois os dados históricos revelam que houve casos de secas mais severas em eventos de La Niña fracos ou moderados do que em eventos de forte a intenso.

Nos anos anteriores, o fenômeno se manifestou de forma muito fraca, embora a partir de 2020, começamos a sentir os primeiros sinais de seu fortalecimento, como a longa temporada de furacões no Atlântico, seca na América do Sul e fortes chuvas na América Central e no norte da América do Sul.

Assista aos vídeos abaixo:

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