Muito grave: 59 cidades têm amostras de água contaminada em Goiás

Entre 2018 e 2020, 61 cidades goianas, que representam cerca de um quarto dos 246 municípios do Estado, apresentaram na água de abastecimento da população a presença de substâncias prejudiciais à saúde.

A constatação é de um estudo feito pela entidade Repórter Brasil com base nos dados do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Siságua), do Ministério da Saúde, que recebe o resultado dos testes feitos pelas companhias de abastecimento.

Ao todo, dos 61 municípios cujo abastecimento de água esteve comprometido, 43 continham substâncias que geram risco à saúde, como uma concentração acima do recomendado de urânio ou bário. A maior parte, 28 cidades, tinha um excesso de Trihalometanos Total em sua água a ser servida para a população.

O composto é um derivado do metano e inclui substâncias como clorofórmio e é normalmente encontrado em solventes e agrotóxicos. Sob exposição prolongada via oral é capaz de produzir efeitos no fígado, rins e sangue.

Outras 13 cidades goianas, além de substâncias que geram risco à saúde, continham ainda elementos em excesso com o maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer.

Os demais cinco municípios só tinham, de acordo com os dados do Siságua, as substâncias com risco de gerar doenças crônicas, como cádmio, chumbo, arsênio e o glifosato (ver quadro).

A pior situação é na cidade de Formosa, pois há resultado positivo para contaminação em todos os anos analisados.

O estudo considerou problemáticos todos os municípios que tiveram ao menos um teste no período analisado com resultado de substância acima do aceitável.

A metodologia adotada pela pesquisa considerou os testes apresentados ao sistema do Ministério da Saúde apenas com relação aos parâmetros que medem a presença de agrotóxicos, substâncias orgânicas ou inorgânicas e radioativas.

No caso de Goiás, os dados apresentados não verificaram as substâncias radioativas. Isso ocorre também porque não há medição da presença desses elementos desde 2017.

O mesmo era feito pela Saneago em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), mas o aparelho do órgão que realizava os testes com a água de abastecimento da população goiana está estragado desde então.

Média

Ainda assim, Goiás, quanto ao número de cidades com água contaminada, teve resultado semelhante à média nacional. O estudo aponta que 763 cidades brasileiras tiveram algum tipo de contaminação na água, o que seria um a cada quatro municípios. No Estado, o porcentual foi de 24,8% das cidades com este problema no abastecimento.

A Saneago, responsável por 226 municípios goianos, no entanto, informa que a “água tratada obedece, rigorosamente, todos os padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde”. “Garantimos que água fora do padrão de potabilidade, que possam causar risco à população, não é distribuída aos consumidores, portanto, não chega aos imóveis”, informa.

A companhia ressalta que “para as situações pontuais de inconformidade, são executadas ações corretivas, como descargas em ramais e na rede de distribuição.

Em situações de urgência, ações preventivas e/ou corretivas são executadas como: paralisação do tratamento de água, manutenções nos sistemas de abastecimento de água, limpeza dos reservatórios, limpeza da rede de distribuição”.

Entre 2018 e 2021, a Saneago informa ter feito mais de 4 milhões de análises, sendo 354 mil no Laboratório Central de Água, em Goiânia, referente aos parâmetros físico-químicos, bacteriológicos, hidrobiológicos, compostos orgânicos/agrotóxicos e metais.

Nos demais 20 municípios de Goiás, o abastecimento é feito por companhias municipais. Como é o caso de Senador Canedo, que consta no relatório feito com base no Siságua.

A reportagem entrou em contato com a prefeitura na tarde desta segunda-feira (7), mas não recebeu retorno até o fechamento desta matéria.

Fonte: O Popular

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