Em Monte Alegre (GO), quatro adolescentes estão proibidos de ir à escola por falta de estradas

O caso do jogador Vinicius Jr, do Real Madri, que foi chamado aos gritos racistas de macaco por um estádio lotado na Espanha, exemplifica como os negros são discriminados mundo afora.

No Brasil, apesar dos avanços das políticas antirracistas, há muito que fazer, em especial no combate ao racismo estrutural.

Racismo estrutural é o termo utilizado para mostrar que o racismo está enraizado na sociedade, ou seja, no direito, na economia, na ideologia, na política.

Ele se mostra a partir de práticas, hábitos e falas cotidianas, tanto de forma consciente, como inconsciente.

Isso significa que, se o país foi construído com base em ideais racistas, o racismo deixa de se expressar como uma anormalidade e se torna um componente significativo que escancara como as relações sociais foram historicamente construídas em nosso país.

Quem bem conhece essa realidade é o povo negro, da região do Nordeste de Goiás, berço da maior comunidade quilombola do país, os kalungas.

Lá o racismo estrutural é sentido a cada instante, nas ações mais diárias. Uma das mais graves, recorrentes em vários municípios, como Monte Alegre, Cavalcante e Teresina de Goiás, é a negação de filhos de famílias negras de irem à escola.

Nesta semana, uma adolescente de 16 anos foi obrigada a se expor e publicar um vídeo nas redes sociais. Claro que o vídeo causou uma enorme indignação, como digo, um tapa na cara de todos nós pagadores de impostos.

Ela está impedida de ir à escola há mais de quatro meses, simplesmente por não existir estradas para a passagem dos ônibus escolares.

Erica conta que estuda em Campos Belos (GO), mas mora no município vizinho de Monte Alegre de Goiás, na zona rural, numa fazenda da região de Riachão.

Ela e quatro colegas estudam o ensino médio, mas a prefeitura de Monte Alegre não apanha os estudantes dessa fase escolar.

Por isso, a opção é ir para o município vizinho, pois a prefeitura de lá dispõe do serviço básico de transporte aos alunos do ensino médio.

No entanto, o ônibus escolar não está indo às residências dos adolescentes por falta de estradas. Tudo acabada e destruída pela ação das intempéries.

Em razão dessa limitação, por incompetência estatal, os alunos estão há mais de quatro meses sem pisar na escola, perdendo conteúdo, com um imenso prejuízo pessoal e que vai se estender por toda a vida dos jovens.

“Estão arrancando nossas oportunidades. Estão roubando nosso futuro”, diz a estudante.
É recorrente neste Blog a publicação de estradas destruídas no município de Monte Alegre e que impede o transporte escolar.

O prefeito do município, Felipe Campos, reclama que o município é muito grande, com muitas estradas rurais e ele teria poucas máquinas e recursos para tocar as reformas necessárias.

Enquanto isso, prejuízos incalculáveis na vida de centenas de família se sucedem.

Fica aqui o apelo ao Ministério Público de Goiás, à Secretaria de Educação do Estado e até ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania que encontrem uma solução o mais urgente possível.

Famílias estão sofrendo. Jovens estão perdendo educação por falta de apoio do Estado.

 

 

 

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