Dez anos de “desastres” ambientais provocados e o Estado teima em negligenciar
Há mais de dez anos, desde fevereiro de 2013, que venho denunciando neste Blog “desastres” ambientais de grandes proporções provocados por grande produtores rurais no Oeste da Bahia, em prejuízo do Cerrado e das comunidades de Goiás e do Tocantins.
Avalanches de terra e de lama estão dizimando nascente de rios e destruindo biomas importantes como a reserva de Terra Ronca (GO); a nascente do Rio Mosquito (GO) e as nascentes do Rio Palmas (TO).
Crateras enormes surgem em diversos pontos da Serra Geral, uma elevação de quase mil quilômetros e que divide os estados da Bahia, Tocantins e Goiás.
As erosões são provocadas por grandes proprietários de fazendas e plantadores de soja e milho, que pouco se importam com os danos ambientais.
Eles dizimam a vegetação do cerrado no platô da Serra Geral e abrem valões para o escoamento de riachos, córregos e outros cursos d´água para descerem serra abaixo no grande vale do bioma, já nos estados de Goiás e do Tocantins.
Essa avalanche de lama, além de destruir tudo pela frente, leva consigo produtos altamente poluentes e prejudiciais à saúde humana, de animais e da flora, como agrotóxico e químicos de adubação e de tratamento do solo.
Não satisfeitos, os fazendeiros ainda usam os grandes valões abertos pelas enxurradas para o descarte de embalagens de agrotóxicos, adubos e até pneus velhos.
Diversas bacias de água limpa e pura, de extrema importância, estão sendo impactadas e prejudicando municípios inteiros como Taguatinga (TO), Aurora (TO), Lavandeira (TO), sudeste do Tocantins, e Campos Belos e São Domingos (GO), nordeste do estado.
Nesta semana, o Rio Palmas amanheceu todo barrento, sem ter sofrido qualquer tipo de enchente, empestado de barro e dejetos provenientes da Serra Geral.
Pequenos produtores rurais do Tocantins e Goiás, moradores ribeirinhas, cidades e áreas de preservação ambiental têm sido as principais vítimas.
O pior é a passividade e a desídia (disposição para evitar qualquer esforço físico ou moral; indolência, ociosidade, preguiça) dos órgãos ambientais da Bahia, de Goiás e do Tocantins, além do próprio Ministério do Meio Ambiente e do Governo Federal.
Preocupa também a inação e conivência do Ministério Público Federal, do IBAMA e dos Ministérios Públicos dos três estados da federação.
Nesta semana, a secretária municipal de Turismo e Meio Ambiente do município de Lavandeira (TO), sudeste do estado, enviou uma equipe de observadores com drones e capitaram as imagens surpreendentes da situação da serra, sobre tudo acima da cabeceira do Rio Palmas entre os municípios de Aurora do Tocantins e do Riacho Bartolomeu, afluente da bacia do Rio Palma, na região do Mosquito, em Goiás, onde mora dezenas de ribeirinhos no lado tocantinense abaixo da serra.
Segundo a secretaria municipal Conceição das Dores, os municípios também acionaram o IBAMA para que este tome as providências.
A fazenda algoz desse desastre, segundo a Secretária, foi identificada como fazenda Guarany e está embargada pelos desastres do ano passado e por falta de licenças da área degradada.
Conforme mostrou este Blog, no início de 2022, uma avalanche de lamas envenenadas desceu de ladeira abaixo originada na fazenda Guarany, inundou e destruíram por um ano o mesmo riacho Bartolomeu gerando enormes prejuízos aos proprietárias rurais e donos de atrativos turísticos no circuito turísticos das Serras Gerais, causando prejuízos irreparáveis.
Recentemente, diz a Secretária de Lavandeira (TO), um produtor rural que visitou a fazenda Guarany para adquirir insumos para ração animal alertou o responsável da fazenda sobre o iminente perigo de novamente causar outras destruições.
“Ele ironizou respondendo que não estava nem aí para quem estava lá embaixo da serra”.
Caverna em Terra Ronca