Depressão: ‘Hipster da Federal’ surtou em Mambaí (GO) e foi morto em Buritinópolis (GO), após invadir sitio

O policial federal Lucas Soares Dantas Valença, de 36 anos, conhecido como “hipster da Federal” e também como “policial gato da Lava Jato”, fazia tratamento contra depressão e viajou a Goiás para comemorar o aniversário do irmão, segundo a advogada Sindd Lopes. 

Ele morreu ao tentar entrar em uma casa em Buritinópolis, no nordeste de Goiás, na noite de quarta-feira (2).

“O Lucas foi passar o fim de semana com a família em um rancho de propriedade dos pais. Ele estava com depressão, que se iniciou na pandemia. Ele nunca deu indícios, mas a família sabia. Ele estava fazendo terapia, foi o primeiro surto que ele teve”, disse a advogada.

O aniversário foi na terça-feira (1º) em um rancho em Mambaí, cidade que fica a cerca de 45 km de Buritinópolis, onde aconteceu o crime.

Sindd contou que o policial estava no rancho da família, mas saiu a pé e ela acredita que ele não tenha conseguido voltar para casa, já que o local estava escuro. Ela disse ainda que ele estava desarmado e sem celular.

De acordo com o boletim de ocorrência da polícia, Lucas Valença entrou em uma propriedade na zona rural, onde, no interior da casa, estavam o dono, a esposa e a filha do casal de 3 anos.

No local, segundo relato, ele teria gritado do lado de fora dizendo que “havia um demônio” na residência. Em seguida, ele teria arrombado a porta da sala, momento em que foi baleado.

Conforme a advogada, a família acredita que Lucas estava tentando entrar na casa de sua família, quando acabou entrando na propriedade errada.

“O surto fez com que ele não reconhecesse onde estava”, acredita a advogada.

Família desolada

A família do policial ficou sabendo da morte ainda durante a madrugada e está abalada com a notícia, segundo a advogada. Sindd contou que Lucas sempre foi muito presente com os parentes.

“Lucas sempre foi um filho presente, um profissional respeitado. Era inteligentíssimo e era reconhecido por ser cuidadoso e sensível com todos. Fazia trabalhos voluntários com adoção de cachorros de rua”, contou.

Apesar de ter sido diagnosticado com depressão, a advogada contou que ele não estava afastado da corporação, mas fazia tratamento.

“O Lucas sempre cuidou da saudade física e mental. Não bebia, não fumava, praticava esportes. Tinha o hábito de estar sempre em contato com a natureza, tanto que nas folgas e feriados ele sempre ia para o rancho da família”, disse.

Como aconteceu

Familiares e amigos relataram à Polícia Militar que o policial estava em surto psicótico desde o dia anterior, conforme o boletim de ocorrência.

Lucas Valença teria gritado do lado de fora dizendo que “havia um demônio” na residência, antes da invasão.

No interior da casa estavam o dono, a esposa e a filha do casal de 3 anos.

O morador contou à polícia que ouviu barulhos de gente em volta da sua residência e uma gritaria com diversos xingamentos. Foi quando a vítima desligou o disjuntor de energia que fica fora da casa e arrombou a porta da sala.

Diante da escuridão e com medo, o morador atirou no policial com uma espingarda. A bala atingiu a barriga, segundo a ocorrência. Ele alegou à polícia que agiu em legítima defesa.

“Como as circunstâncias do fato indicam que o autor agiu em legítima defesa, estava dentro da sua casa e defendendo a família, optamos por continuar as investigações somente por meio de inquérito”, esclareceu o delegado.

O dono da casa relatou que atirou em direção do invasor, mas que até então não sabia quem era. Após religar o disjuntor de energia, ele viu a vítima baleada e chamou a polícia e a ambulância.

Ainda segundo a ocorrência, a ambulância chegou a ir ao local, mas o policial já estava morto.

O Instituto de Criminalística da Polícia Civil esteve na chácara para fazer a perícia da cena do crime. O Instituto Médico Legal (IML) de Posse (GO) recolheu o corpo para fazer o exame cadavérico, que vai apontar as causas da morte.

Com texto e reportagem do G1

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