Polícia desvenda crime e MP denúncia homem que matou idoso no Portal da Serra, em Campos Belos (GO)

A promotora Úrsula Catarina Fernandes da Silva Pinto, do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), apresentou denúncia contra um homem, de 64 anos, morador de uma fazenda próxima à Itafós, na zona Rural de Arraias (TO), por homicídio qualificado.

Ele matou, com tiro de espingarda, o idoso Ludugério Leite Sobrinho, no último dia 15 de dezembro, no setor Portal da Serra, em Campos Belos (GO). Na oportunidade, o próprio filho da vítima chegou a ser ouvido e acusado injustamente pelo crime.

De acordo com a investigação da Polícia Civil de Campos Belos, o crime foi motivado por ciúmes e cometido com recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Testemunhas relataram que o acusado teria ingerido bebidas alcoólicas antes de se dirigir à casa de Ludugério, onde realizou um disparo fatal de arma de fogo quando a vítima abriu a porta.

Após o crime, o acusado fugiu do local, mas compareceu voluntariamente à delegacia dias depois, confessando detalhes do ocorrido.

O MP-GO, embora tenha denunciado o acusado, manifestou-se contra a prisão preventiva, sugerindo medidas cautelares como recolhimento domiciliar noturno, proibição de frequentar bares e restrição de deslocamento.

Caso pode ir para o Tribunal do Júri

De acordo com o MP-GO, o idoso acusado do assassinato nutria profundo ciúme de sua ex-companheira, mas o casal havia se separado a certo tempo. No entanto, ele não aceitava o fim do relacionamento e monitorava os passos da ex-mulher.

A ex-mulher era vizinha de Ludugério e frequentemente prestava serviços domésticos para ele.

A proximidade entre os dois incomodava o homem, que, em setembro de 2024, flagrou a ex-companheira saindo da casa de Ludugério. Na ocasião, advertiu a vítima, afirmando que ainda mantinha envolvimento com a mulher e que não permitiria que ela se relacionasse com outro homem.

A partir desse episódio, passou a vigiar Ludugério e a ex-mulher, reforçando sua obsessão pelo casal. No dia do crime, o acusado viu novamente a ex-mulher saindo da casa da vítima, o que, segundo testemunhas, o deixou profundamente irritado.

O crime e a fuga

Movido pelo ciúme, foi a um bar no mesmo dia, por volta das 16h, e começou a ingerir bebidas alcoólicas. Segundo relatos, ele teria comentado com conhecidos que “iria acertar as contas com Du” – apelido de Ludugério.

Após sair do bar, o acusado retornou à sua fazenda e pegou uma espingarda. Em seguida, dirigiu-se até a residência da vítima. Ao chegar ao local, bateu com o cano da arma no carro de Ludugério e começou a chamá-lo pelo apelido: “Du, Du, Du”.

Ludugério, sem imaginar o perigo, abriu parcialmente a porta de casa. Nesse momento, foi surpreendido por um disparo de arma de fogo à queima-roupa, atingindo uma região vital do corpo. A vítima tentou reagir, colocando a mão no peito e gritando de dor, mas conseguiu apenas fechar a porta antes de cair, ferido, dentro do imóvel.

O acusado, então, deu ré no carro e fugiu em alta velocidade. A ex-mulher, que estava na casa no momento do crime, saiu desesperada para pedir ajuda.

Investigação e denúncia

A Polícia Civil foi acionada e, ao chegar ao local, encontrou Ludugério caído na área externa da residência, já sem sinais vitais. Peritos realizaram exames na cena do crime e confirmaram que o disparo foi feito a curta distância, o que reforça a hipótese de execução premeditada.

A arma utilizada foi apreendida, e laudos periciais atestaram a compatibilidade do projétil com a espingarda encontrada em posse do acusado.

Dias após o crime, o homem se apresentou voluntariamente na delegacia e prestou depoimento, confessando o assassinato. Apesar disso, o MP-GO manifestou-se contra sua prisão preventiva, solicitando medidas cautelares como restrição de deslocamento, proibição de frequentar bares e recolhimento domiciliar noturno.

O caso agora segue para julgamento no Tribunal do Júri, onde responderá por homicídio qualificado, com as agravantes de motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.