Exemplo: Escola se destaca em ações de enfrentamento a depressão e suicídio

“Muitos querem falar, nós queremos ouvir”. É com esse lema que alunos, ex-alunos e educadores do Centro de Ensino Médio Escola Industrial de Taguatinga (Cemeit) oferecem ajuda a quem precisa. 


Há um ano, esse suporte oferecido à comunidade escolar nasceu com a criação do Grupo de Enfrentamento à Depressão e ao Suicídio (Geds). 

O trabalho, em destaque durante o Setembro Amarelo, trata de forma perene temas tão sensíveis.

Assim, o mês nono mês do calendário será recheado de eventos e palestras para os participantes do Geds. 


A fala acolhedora e as experiências vividas pelos jovens de 17 a 19 anos participantes do grupo vão passar por escolas públicas do DF e entorno, pelas câmaras federal e distrital e até em Cavalcante (GO), em evento organizado por meio de parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV).

A extensa agenda fora do colégio de Taguatinga é uma forma de reconhecimento desse trabalho voluntário, assim como o grupo ter alcançado – entre 1.443 participantes – a final do Desafio Criativos da Escola, uma iniciativa do Instituto Alana, organização da sociedade civil sem fins lucrativos.


O trabalho

Semanalmente, os jovens se reúnem em uma sala da Escola Industrial de Taguatinga. Auxiliados por uma psicóloga e educadora parental, eles amparam colegas que queiram compartilhar sentimentos e impressões do mundo. 


Promovem também palestras, espetáculos teatrais, rodas de conversa e ações externas.

Os apelos e mensagens dos jovens ocorrem também pelo Espaço do Desabafo, um mural onde são depositados textos dos estudantes. 


O incentivo vem de forma parecida, em outra parede da escola onde são coladas mensagens confortantes para esses jovens. Contatos pelas redes sociais junto ao Geds também são recebidas.

“Nós começamos o projeto com a ideia de levar afeto, dar suporte aos alunos e conseguir ajudá-los de alguma forma. Embora com toda a dor, temos coisas boas para poder continuar acreditando”, destaca Caroline Miranda, aluna do terceiro ano e participante do projeto.

Esse espaço dedicado a ouvir o próximo e conversar olhando nos olhos, o Geds, fez com que Helen Karoline, ex-aluna do Cemeit, continuasse frequentando a escola mesmo depois de formada.


“Vivemos numa sociedade como um baile de máscaras, onde as pessoas saem de casa com máscaras sorrindo, mas, às vezes, por trás dela há uma pessoa chorando, passando por problemas. 

O que a gente precisa é dizer a elas que estamos aqui para dar suporte, que a família dela ama ela e que estamos dispostos a ajudar”, relata Helen.

Como o trabalho é voluntário, há necessidade de levantar recursos para eventuais traslados das palestras, lanches e materiais de divulgação. Psicólogos, psiquiatras e outros profissionais interessados em somar ao time do Geds também são bem-vindos. 


Quem quiser ajudar, basta entrar em contato por e-mail pelo endereço coordenacaocemeit@gmail.com.

“Enquanto escola, é uma alegria ter um projeto como esse, que quer combater e enfrentar [o suicídio e a depressão] e acolher nossos estudantes, servidores e comunidades para dizer que a vida vale a pena”, acrescenta o supervisor da escola e um dos coordenadores do projeto, Gabriel Rodrigues.

Nascimento do grupo


O grupo surgiu durante um simpósio promovido pela escola, em setembro de 2018, com a temática “Educação e Afetividade”. 

Enquanto conversavam sobre esses assuntos, professores e alunos tomaram conhecimento de que uma jovem, nos arredores da escola, decidiu não continuar a viver. Foi então que educadores decidiram reunir os representantes das turmas e levar o tema para dentro do colégio.

Essa realidade, próxima a muitos dos estudantes, levou à formação do grupo mantido até hoje. 


A partir dos relatos e conversas os estudantes passaram a pensar em ações e formas de ajudar os colegas. 

O projeto ganhou força e se transformou no Grupo de Enfrentamento à Depressão e ao Suicídio (Geds), dedicado não somente a estudantes e funcionários da escola, mas também aberto à comunidade escolar.

Finalistas em prêmio


O Distrito Federal foi bem representado na edição 2019 do Desafio Criativos da Escola, iniciativa que celebra e premia projetos protagonizados por crianças e jovens de todo o país, apoiados por educadores e educadoras. 

Entre 1.443 inscritos em todo o país, a capital teve dois finalistas e dois participantes com menção honrosa.

O Centro De Ensino Médio Escola Industrial De Taguatinga (Cemeit) foi finalista com o projeto Grupo de Enfrentamento à Depressão e ao Suicídio (Geds), enquanto o Centro Educacional do Lago chegou à mesma condição com o projeto Voluntariado para a transformação de uma escola.

Receberam menção honrosa o Centro de Ensino Fundamental 801, de Samambaia, pelo projeto Conexão Brasil/Cabo Verde, e o Centro de Ensino Especial 01 de Ceilândia, com a iniciativa Recursos Interventivos para a Inclusão. 


Participam do projeto estudantes dos ensinos fundamental I e II ou médio, além de educadores de todo o país que desenvolvam projetos em escolas públicas, privadas organizações não-governamentais e coletivos.

Campanha

No início do mês, o Governo do Distrito Federal lançou a campanha “Setembro Amarelo – Vamos dar as Mãos?”, como forma de prevenção ao suicídio de crianças e adolescentes, hoje a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. 


A iniciativa é da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejus), por meio do Programa DF Criança, que tem, entre seus parceiros, a primeira-dama do Distrito Federal Mayara Noronha.

Serão realizadas, durante o mês de setembro, ações em escolas públicas e particulares, abrigos, unidades de internação socioeducativas e em espaços públicos. 


Além de informativa, a campanha visa sensibilizar a sociedade e incentivar a escuta/empatia e o acolhimento de crianças e adolescentes em sofrimento psíquico.

CVV


Em vigor desde 2015, o Setembro Amarelo foi criado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). 

Durante todo o mês, monumentos em diferentes cidades adotam a cor amarela em suas fachadas para dar visibilidade à causa. 

O número de telefone de atendimento do CVV é o 188 e trata-se de um dos canais que devem ser acionados por quem precisa de alguém para conversar e se acalmar. A ligação é gratuita.

Fonte: Agência Brasília 

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