“Candidatura de Barbosa tem grande potencial”
Por José Antonio Lima (@zeantoniolima),
Por enquanto, Barbosa é uma espécie de Jair Bolsonaro civilizado. Enquanto o candidato do PSL defende arbitrariedades, Barbosa se notabilizou por “fazer justiça” dentro do sistema, e foi o principal responsável pela elaboração das teses jurídicas que culminaram com a condenação de dirigentes do PT no mensalão. Ter sido o Sergio Moro do passado é seu maior ativo atualmente.
A proximidade entre as duas candidaturas pode ser vista na pesquisa. Nos primeiros cenários do Datafolha, sem o ex-presidente Lula (PT), Bolsonaro chega a seus maiores níveis de voto entre os eleitores com nível superior (21%) e com renda entre cinco e dez salários mínimos (28%) e mais de dez salários mínimos (29%).
O potencial de Joaquim Barbosa vai muito além da pauta anticorrupção, no entanto. Ele pode ser genuinamente um candidato de centro. Trata-se de um centro que de fato consiga unir propostas para remediar a precária situação social brasileira, mas que também faça as necessárias reformas liberalizantes. O governo Temer tem tentado capitalizar sobre este “centro”, mas essa ideia picareta não convence a população – os 2% de intenção de voto para a turma governista na pesquisa deixam isso evidente.
A incorporação de uma agenda social não seria artificial para Barbosa. Em primeiro lugar, porque é uma pauta de seu partido, o PSB. Mais importante, porque é algo em que ele acredita.
Ao mesmo tempo, Barbosa pode ser capaz de atrair o “mercado”, essa entidade de difícil definição, mas que não tem nada de abstrata: é a congregação das grandes finanças e empresariado que encontra sua caixa de ressonância na grande imprensa oligopolizada do Brasil.
Se essas propostas fossem tocadas por alguém com preocupação social, ao contrário do mercado e do atual governo, cujo absoluto desprezo pelos mais pobres é evidente, as reformas poderiam se tornar mais palatáveis por quem hoje se opõe a elas.
Uma grande dificuldade de Barbosa seria formatar sua campanha. No primeiro turno, ele seria o candidato de quem? Tentaria desidratar Bolsonaro ou atrair os votos de Lula? Como faria isso ao mesmo tempo em que envia acenos ao mercado?
São perguntas cujas respostas se formarão também pelas ações dos rivais.
De toda forma, o mais provável é que Barbosa tente, assim como Ciro Gomes e Marina Silva, manter uma equidistância tanto do PT quanto de Bolsonaro.