Um dia de muita tristeza para Campos Belos (GO): Covid tira a vida e o brilho de Lurdinha Canuta

Por Jefferson Victor,


Morreu na madrugada de ontem (25), em Anápolis (GO), Maria de Lurdes Soares da Silva, a Lurdinha Canuta, 55 anos, mais uma vitima da Covid-19. 

Lurdinha sentiu-se mal no início da semana, imaginava estar com dengue, vinha tomando remédios caseiros. 

Na segunda-feira (21) procurou um hospital. Mas o médico disse que era apenas um simples início de uma pneumonia, receitou remédios e a mandou de volta para casa.

Na quarta, no entanto, seu quadro piorou de vez. 

Foi socorrida novamente e identificaram que ela tinha a doença proveniente do novo coronavírus, sendo internada imediatamente.

Seu quadro era grave, estava com insuficiência respiratória. O caso evoluiu muito rapidamente e foi bater na UTI. De quinta-feira para sexta, por volta das 2h, não resistiu à agressividade da doença.

Ela deixa três filhos: Thalysson, Bruno e Flavia. 

Lurdinha era uma pessoa muito querida em Campos Belos, bem relacionada e fazia amizade com muita facilidade. 

Na época da Kampuba – uma boate dos anos 70 e 80 – fazia parte do “grupo das quinze”, uma turminha animada, principalmente nas danças ensaiadas.

Lurdinha sempre atuou no mercado de roupas, tinha ótima clientela e um gosto requintado.

Assim, conseguiu sustentar seus filhos praticamente sozinha. A sua morte pegou a todos de surpresa e chocou a cidade de Campos Belos.

Diversas de suas amigas prestaram homenagens nas redes sociais. 


O corpo foi transladado ontem, de Anápolis para Campos Belos, num percurso de retorno feito com muita tristeza e incredulidade. 

Ela tinha mudado há pouco tempo para Anápolis, em acompanhamento dos filhos. 

Na impossibilidade de velório – protocolo da Covid – seus parentes e amigos esperaram o corpo, na rodovia GO-118, na entrada da cidade, no Posto Asa Branca.

De lá, o triste e pesaroso cortejo, com carro de som, percorreu várias ruas de Campos Belos (GO), no último adeus à sua filha querida.

Seu corpo foi sepultado por volta das 17h30, no cemitério local. 

Na cerimônia fúnebre, Tião, seu irmão, falou do sofrimento da família. Em apenas sete meses, a família perdeu três membros. Um tristeza terrível. 

Homenagens 

Por Andra Ribeiro,

“Tudo que aqui Ele deixou não passou e vai sempre existir. Flores nos lugares que pisou e o caminho certo pra seguir”. 

Quando a gente, um dia, se abraçou e cantou repetidas vezes essa canção, não sabia que , hoje, tia Lourdinha, você partiria.

O Segue-me de Campos Belos está de coração partido. A gente não ensaiou isso, né?


A única coisa que a gente ensaiou foi um monte de sorriso frouxo e aquele tanto de piada sem graça. Como esquecer daquele seu jeito feliz, das suas brincadeiras, do abraço forte e demorado?

A tia Lourdinha podia até não se lembrar dos nomes de seus sobrinhos, mas não se esquecia , nunca, dos abraços. Eram os abraços que davam um jeito de dizer, antes de qualquer coisa, que ela estava bem.

Ainda quando estava cansada, cheia de problemas, ela fazia do seu colo uma morada bonita. Um lugar bom de viver e de sorrir.

Ah, tia, como eram fáceis os seus sorrisos! Com eles, tudo ficava, realmente, mais simples…

Então, hoje, apesar desse dia tão difícil, a gente vai tentar ensaiar mais uma peça:

PRIMEIRO ATO: Sabe aqueles seus seguidores bagunceiros? Sim. Eles estão no salão paroquial. Alguns estão abraçados. Outros estirados pelo chão. Tem um que não para de comer. Tem um outro que só queria dormir à vontade. 

Uma menina pergunta se não terá almoço. Um outro grupo canta uma canção. Alguém faz uma piada. Você ri e, depois, se lembra de que já é gente grandona, então, pede silêncio. ” Temos de ensaiar, gente”, diz o coordenador da turminha agitada.

SEGUNDO ATO: Alguém chora. A senhora a abraça. Abraça forte como sempre. Abraça outro e outro e outro… Um engraçadinho conta uma piada. Você ri e se lembra dos seus filhos.

Lembra o quanto é bom ouvir as piadas do Thallysson e as histórias do Bruno. Ohhh, que sorte: A sua caçulinha está, ali, ao seu lado. A sua Flavinha a abraça e você fica pensando: 

” Que mãe de sorte eu sou”. A senhora fica mais feliz ainda e volta-se para a sua turminha: “Vamos ensaiar a peça, gente”? Então, alguém, meio triste, pergunta: ” É a última peça, tia Lourdinha?”

A senhora dá aquele sorrisão de sempre , e não fala nada. Como saber se é a última peça, né, tia? O ensaio acaba. Uma outra turma entra para fazer a Oração.
Estão todos abraçados.

Tia, a senhora partiu. Mas , estamos aqui, morrendo de saudades. A gente vai, a partir de hoje, mesmo sem você aqui, ensaiar o TERCEIRO ATO.

“Que além da vida que se tem
Existe uma outra vida além e assim…
O renascer, morrer não é o fim…”

Vá em paz, tia Lourdinha!


Por Leiva Márcia,

” Hoje acordei com mais uma notícia triste e inacreditável. Minha amiga, minha comadre, minha confidente…tantas coisas passamos juntas, boas e outras nem tanto.


As resenhas de madrugada, os choros, os risos, as viagens , enfim, uma convivência e uma amizade de muitos anos.

Me incumbiu a confiança de batizar seu filho Bruno Oliver. Hoje vc partiu, foi morar com Deus, vc tinha tanto medo dessa doença, se cuidava, mas a vontade de Deus é maior que tudo.

Lembrarei de vc com muito carinho, nunca a esquecerei e saiba que daqui ajudaremos e estaremos perto de suas três joias preciosas, seus filhos, como foram amados por vc, que mãe zelosa, cuidadosa e amorosa, nunca perdia a oportunidade de te falar isso, sempre…

Descanse em paz e lembraremos de vc com sua alegria contagiante e sua amizade e também da mãe zelosa que sempre foi.

Passou por tantas coisas, foi firme e determinada no cuidado com seus filhos.

Sempre que eu me lembrar de vc vai ser como descrevi.Com vc aprendi que todos os dias devemos falar e demonstrar o amor que sentimos pelas pessoas, nós nos falávamos quase todos os dias…Vá em paz, que Deus te receba no colo e acalente os que ficaram.

E falando em lembranças “Há tempo muito tempo que estou, longe de casa e nessas ilhas cheias de distância…” ( Belchior, que vc tanto gostava).




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