Turista leva som eletrônico ao Vale da Lua e acende debate sobre turismo predatório na Chapada dos Veadeiros

Um episódio ocorrido durante o feriado de Corpus Christi reacendeu o debate sobre os limites do turismo em áreas de preservação ambiental.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um turista montando uma estrutura com mesa de som e caixas acústicas no meio do Vale da Lua, um dos pontos mais emblemáticos da Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

Nas imagens, o homem aparece com duas caixas de som posicionadas entre as pedras, enquanto algumas pessoas dançam ao redor. A cena, no entanto, provocou indignação entre outros visitantes que buscavam tranquilidade e contemplação da natureza. Isso porque o uso de equipamentos sonoros é expressamente proibido no local.

Em nota oficial, a administração do Vale da Lua informou que o visitante escondeu as caixas em uma mochila e as ligou sem autorização.

“Quem realmente conhece o Vale da Lua sabe que não permitimos entrar com aparelhos e instrumentos sonoros”, esclarece o comunicado. Segundo o texto, guarda-vidas que atuam no atrativo agiram prontamente: “orientaram e pediram ao rapaz para desligar imediatamente. O rapaz pediu desculpas e disse que não sabia que era proibido e acatou o pedido”.

Além do som, a nota também reforça que bebidas alcoólicas são proibidas no local, mas ainda há quem ignore as regras. “Infelizmente, ainda existem pessoas que levam caixas de som e bebidas para locais de preservação permanente”, alertou a equipe do Vale da Lua. A administração também se desculpou publicamente pelo ocorrido e garantiu que a situação foi contornada de forma rápida e respeitosa.

O episódio ganhou grande repercussão nas redes sociais, onde internautas criticaram a atitude do visitante e cobraram fiscalização mais rigorosa. Termos como “egoturismo” foram usados para descrever comportamentos que priorizam likes e exposição digital, em detrimento da preservação ambiental. “Só faltou a farofa”, ironizou um usuário. Outro questionou: “Como uma mesa de som entra num parque desses sem fiscalização?”.

Guia turísticos da região também se manifestaram. Muitos consideraram o ato um desrespeito à proposta de ecoturismo da Chapada, que tem como um de seus princípios o contato silencioso e respeitoso com o meio ambiente. “Foi uma atitude completamente fora de contexto”, disse um guia local.

A polêmica reforça a necessidade de se discutir com mais profundidade a gestão do turismo em áreas sensíveis e protegidas. Especialistas alertam que, sem o equilíbrio entre lazer e responsabilidade ambiental, locais como o Vale da Lua podem sofrer danos irreversíveis — tanto em termos ecológicos quanto na qualidade da experiência que oferecem aos visitantes.

O caso evidencia um desafio crescente em destinos naturais populares: garantir o direito ao lazer sem comprometer a integridade ambiental e o patrimônio coletivo.