Testemunha nega que Valério Neves, ex-secretário da CLDF, seja mandante de duplo homicídio, em Cavalcante (GO)

Uma das testemunhas, que apontou o ex-secretário da Câmara Legislativa do Distrito Federal Valério Neves como mandante do assassinato de dois trabalhadores rurais em Goiás, registrou uma escritura pública em que refutava o depoimento prestado anteriormente à Polícia Civil de Goiás.

Depois de formalizar a negativa, Edilson Francisco da Silva retornou à delegacia e confirmou a primeira versão.

A informação é da TV Record.

Funcionário na fazenda de Valério, o homem relatou a um colega que sabia que Antônio Cardoso e o irmão dele executaram os dois trabalhadores a mando do proprietário da fazenda e que teriam usado a moto dele no crime.

O veículo de Edilson, conhecido como Mokmok, foi encontrado pela polícia na casa de Antônio.

Na data do assassinato, em fevereiro de 2020, as vítimas, que eram funcionárias na fazenda vizinha a de Valério e que construíam uma cerca para separar as propriedades, foram alvos de tiros durante uma emboscada.

Na época, a polícia pediu a prisão temporária dos dois irmãos, suspeitos do crime, e Edilson, que apontou Valério como o mandante.

Depois, em abril deste ano, ele registrou em cartório uma versão contrária, negando o depoimento: afirmou que não sabia do ocorrido, que Antônio Cardoso não teria participação, que não era dono da moto e que não teria apontado Valério Neves como mandante.

A escritura foi registrada em Alto Paraíso (GO), mas a fazenda fica em Cavalcante (GO), a uma distância de quase 90 km.

O delegado Adriano Jaime, à frente da investigação, acredita que a declaração é falsa. “Depois desse depoimento, a família o trouxe à delegacia, e relatou todo o ocorrido com muita riqueza de detalhes, parecia que sabia do laudo pericial”, explicou.

Segundo Jaime, uma advogada de Brasília acompanhou Edilson no cartório e teria pagado pelo registro da escritura. “Tem imagens, ouvimos o pessoal do cartório”, afirmou. Jaime acredita que a medida pretendia livrar Antônio. “Para a gente, não muda nada depois dessa declaração, porque ele compareceu à delegacia e prestou depoimento rico em detalhes. Hoje temos indícios suficientes de que Valério seria o mandante”.

O indiciamento não se baseou apenas na declaração da testemunha. O delegado afirmou que conversas entre Valério e a vizinha demonstraram a desavença por conta da localização da cerca.

Na tarde de terça-feira (12), Valério Neves foi preso em casa, no Lago Sul, por suspeita de envolvimento no duplo homicídio.

Neves foi encaminhado para a 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), de onde seguiu para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), e aguarda a decisão da Justiça. Ele responde por duplo homicídio por motivo torpe e sem chance de defesa da vítima.

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