Projeto educacional itinerante resgata tradição Kalunga em comunidade de Monte Alegre (GO) nos festejos juninos

A prefeitura de Monte Alegre de Goiás (GO), no nordeste do estado, promoveu neste mês de junho os festejos de São João na comunidade quilombola Sucuri.

A ação educacional faz parte do Projeto Alfa Mais, uma Escola Itinerante da Rede Municipal para a comunidade quilombola Kalunga.

Todos os anos, no mês de junho, são aproveitados os festejos juninos, quando as comunidades constroem ranchos de palha e se mudam para os arraiais. Nesse período, as crianças ficam vários dias sem acesso à escola.

Para suprir essa falta e pensando na aprendizagem das crianças, foi criado o “Alfa Mais”, o primeiro projeto da escola itinerante das comunidades quilombolas da rede municipal.

A organização contou com a presença do Conselho Tutelar de Monte Alegre de Goiás, uma ação importante para a comunidade.

“Infelizmente, o número de casos de abuso sexual, assédio e estupro de vulneráveis ainda é muito grande dentro do território, e ações como essa tendem a ajudar. Tivemos o apoio da equipe de saúde.

Agradeço imensamente a Tayrine Alves, Coordenadora da Atenção Básica, e aos ACS da comunidade kalunga, Severino Santiago e Rivaldo Rodrigues, que conduziram a oficina de saúde bucal para as crianças da comunidade”, disse a gestora Celuta Santos Rosa.

Ela é formada na UnB em Ciências da Natureza e Matemática – Licenciatura em Educação do Campo (FUP – UnB), mestranda em Sustentabilidade junto aos Povos e Territórios Tradicionais, e gestora das escolas quilombolas e do campo da rede municipal de Monte Alegre de Goiás.

Na ação educativa, foi realizada uma roda de conversa sobre alfabetização com o coordenador da UEG, professor Adelino Machado, professores e anciãos da comunidade, onde ressaltaram o processo de luta para conseguir implantar escolas dentro do território.

Inicialmente, funcionava apenas o Fundamental I. Após muita luta, conseguiram implantar o Fundamental II e o Ensino Médio.

“Como gestora e membro da comunidade quilombola, ressalto a importância do processo de luta dos anciãos da comunidade para a implantação das escolas. Naquela época, havia muito êxodo rural pela falta de ensino na comunidade.

Muitas meninas eram tiradas dos seus territórios para conseguir concluir o Ensino Médio e, nas cidades, sofriam abusos, assédio e estupro. Através dessas lutas para a implantação de escolas nas comunidades, esses casos diminuíram bastante.”

A gestora também agradeceu a secretária Luíza Teixeira Lopes, equipe de professores, coordenadores Augusto César ,Coordenadora e formadora do programa Alfa Mais Ely Gonçalves, merendeiras e o Prefeito da cidade Felipi Campos.

Diversas oficinas foram realizadas, como apresentação musical, apresentação do programa Alfa Mais, oficina de pintura facial, contação de histórias, peça teatral, oficina de higiene bucal, roda de conversa do Conselho Tutelar, apresentação de sarau, oficina de Sabor e Saúde com alimentos produzidos na comunidade, roda de conversa sobre alfabetização da criança Kalunga (com Adelino Machado e anciãos da comunidade), pescaria da leitura, Arraiá da Alegria (apresentação de quadrilha), fogueira (resgatando a cultura quilombola) e o momento do famoso pau de sebo.