Política, religião e polícia: PM que atirou em fiel diz que a família estava em “confronto com o que a igreja prega”

Durante depoimento prestado ao 21º Distrito Policial, após atirar em um fiel dentro da Igreja Congregação Cristã no Brasil, localizada no setor Finsocial, em Goiânia, no último dia 31 de agosto, o PM, autor do disparo, disse que a briga começou porque deixou de cumprimentar a vítima.

Pois, segundo ele, a família de petistas estavam em ”confronto com o que a igreja prega” e o irmão do baleado estaria causando transtornos ao demais membros da igreja.

As informações são de O Popular.

Já em um segundo depoimento em inquérito aberto para apurar os fatos, o PM disse que o motivo do disparo não seria por não gostar da família ‘petista’, e sim, segundo ele, por não seguirem o que a Congregação Cristã no Brasil prega.

Ainda de acordo com o PM, o tiro foi para se defender porque a vítima, Davi, queria partir para agressão junto com o irmão, Daniel.

Conforme O Popular, na primeira oitiva, o PM afirmou que se negou a cumprimentar Davi porque ele e seus familiares, principalmente seu irmão Daniel, estavam causando ”transtornos a igreja”.

Por serem petistas, a igreja diz para não votarem em quem é contra a doutrina cristã.

No segundo depoimento prestado no último dia 2, o PM relata que após participar de três músicas durante o culto, ele foi até um bebedouro e começou a conversar com um outro membro da igreja.

Em seguida, Davi teria vindo atrás e tentado cumprimentá-lo, e o PM não lhe deu atenção.

Ele relata que Davi ficou insistindo, e o PM teria pedido para ele se afastar, logo, eles se trombaram no banheiro e a briga começou.

De acordo com o cabo, nesse momento o irmão de Davi, Daniel, um sobrinho e outro parente também entraram na briga e ele ainda conta que alguém tentou pegar sua arma, nesse momento ele sacou a arma para afastá-los, mas Davi teria seguido em sua direção e ele atirou em sua perna.

Agressões e pressão por voto

O clima entre os membros da igreja teria começado após a vítima conceder uma entrevista ao Diário de Goiás no último dia 24 de agosto. 

Em conversa com a equipe de reportagem, a vítima disse que o líder da igreja estava pressionando fiéis a votarem no presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na ocasião, Daniel relatou que sempre frequentou os corredores da igreja com muita tranquilidade e sem problemas com relacionamentos políticos. O próprio Estatuto da Religião define a mesma como uma organização “apolítica”.

Mas, segundo ele, a situação começou a mudar a partir do momento que a Circular começou a ser lida publicamente por pastores da igreja.

Apesar de não fazer menção direta, Daniel afirmou que os líderes interpretam aos microfones e destacam partidos como o PT, que tem sustentado a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eu nunca vi nos meus quarenta e cinco anos de igreja isso acontecer”, relatou. “Quando alguém fala que não vai votar no Bolsonaro, é tido praticamente como um endemoniado”, completou.

Com texto de O Popular e do Diário de Goiás

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