Pastor pediu 1 kg de ouro para liberação de recursos do MEC, diz prefeito

Os pastores que formaram um gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC) pediram pagamentos em dinheiro e até em ouro para prefeitos, em troca de facilitarem a liberação de recursos federais para a construção de creches e escolas.

A informação foi revelado ao jornal Estadão pelo prefeito do município de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB). De acordo com Braga, o pastor Arilton Moura pediu o pagamento de R$ 15 mil antecipados em troca de levar as demandas da prefeitura para o MEC e mais um quilo de ouro, quando os recursos fossem liberados.

“Ele [Arilton Moura] disse: ‘Traz um quilo de ouro para mim’. Eu fiquei calado. Não disse nem que sim nem que não”, contou o prefeito, que diz não ter aceitado a proposta.

A conversa entre o prefeito e o pastor aconteceu em abril de 2021, em um restaurante de Brasília, onde estavam presentes outros prefeitos, depois que o religioso fez uma reunião com Milton Ribeiro, ministro da Educação, fora de sua agenda oficial.

Um quilo de ouro, na cotação de hoje, vale R$ 304 mil.

“Ele (Arilton) falou, era um papo muito aberto. O negócio estava tão normal lá, que ele não pediu segredo, ele falou no meio de todo mundo. Inclusive, tinha outros prefeitos do Pará.

Ele disse: ‘olha, para esse daqui eu já mandei tantos milhões, para outro, tantos milhões’”, referindo-se a verbas do ministério que teria liberado para municípios. “Assim mesmo eu permaneci calado, não aceitei a proposta”, afirmou o prefeito, que disse também que nunca recebeu os recursos.

Pastores atuavam em gabinete paralelo

O ministro da Educação Milton Ribeiro afirmou em uma gravação que o governo dá prioridade a pedidos de verba negociados por dois pastores que não têm cargos oficiais, mas atuam de forma informal dentro do Ministério da Educação (MEC), atendendo a uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desde o começo de 2021, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura promoveram encontros de prefeitos no MEC que levaram a pagamentos e empenhos (reserva de valores) de R$ 9,7 milhões, em apenas dias ou semanas depois de promoverem as agendas.

Ao Estadão, os pastores confirmaram que usaram de sua ligação com o ministro para direcionar recursos para certas prefeituras, mas negaram os pedidos de propina. Eles negam ter participado de reuniões para tratar de obras de escolas e creches.

Fonte e texto: Estadão

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