Não há previsão de flexibilização nas normas decretadas em Alto Paraíso (GO), diz prefeito

Roberto Naborfazan,

O jornalismo de laboratório, feito por gente que saiu da faculdade com um celular na mão e a arrogância na testa, tem provocado desinformação, que gera, muitas vezes, danos a pessoas e localidades.

Com a expansão da Internet e a criação das chamadas Redes Sociais, muitos novidadeiros passaram a se achar jornalistas.

Alguns jornalistas, sentados em redações dos “grandes jornais”, loucos por furos de reportagens, não checam fontes, não pesquisam, e se alimentam, muitas vezes, de fontes parciais, que defendem mais os seus interesses que os interesses da coletividade.
Fazer o jornalismo comunitário, vivenciando o dia-a-dia da notícia, ouvindo quem é a notícia ou dela participa, é para poucos, ainda mais em tempos de pandemia.

Alto Paraíso de Goiás, município distante 200 km de Brasília, e aqui não precisaremos fazer correção da distância porque a percorremos frequentemente, é conhecida mundialmente por suas belezas naturais, e considerada um patrimônio natural mundial, pela UNESCO.

Uma das principais fontes de renda do município é o Turismo, chegando a ter, em finais de semanas prolongados e feriados, sua população multiplicada em até três vezes.

Com a Pandemia da Covid-19, o governo do estado e a prefeitura do município decretaram uma série de medidas visando diminuir a circulação de pessoas e a consequente propagação do coronovírus.

A proibição de visitações aos atrativos naturais, e o fechamento de meios de hospedagem, bares e restaurantes estão entre as diversas medidas tomadas para evitar, nesse momento, a circulação de turistas pelo município.

Em Alto Paraíso de Goiás, como em diversas localidades do Brasil e do mundo, há um ferrenho debate entre os que querem a economia aberta, com o comércio funcionado, e aqueles que querem o isolamento social rígido, até que a curva de contaminação pela pandemia decline.

Nos últimos dias, principalmente nos feriados de 21 de abril e 1° de maio, moradores e comerciantes que estão cumprindo as normas dos Decretos, se mostraram indignados com a forte presença de pessoas moradoras em outras localidades circulando pela cidade, muitas delas em trajes de banho, fazendo compras em mercados, padarias e farmácias.

Pelas redes sociais, passaram a clamar por maior fiscalização e por medidas de punição para quem vem de outras localidades, furando o isolamento social, e também para quem, clandestinamente, está hospedando essas pessoas.

Um dos maiores empreendedores do município, gerador de dezenas de empregos, o empresário Fernando Couto (Vendinha 1961/Cachoeira dos Cristais), ironizou em uma rede social que, se alguns estavam abrindo seus comércios e atendendo turistas, ele também iria abrir seus negócios, pois estava assistindo da sua janela o desfile de turistas pela cidade.

Mais de uma centena de moradores fizeram coro ao seu protesto, afirmando que estavam revoltados com a falta de consciência tanto de quem está furando a quarentena, quanto quem os está hospedando. Há afirmações de que condutores de turistas estão ligando para donos de atrativos pedindo para “abrir exceções para uns amigos”.

Quem diz que não há turistas circulando irregularmente pelo município, e há muitos, está colocando de mentirosa não a reportagem de O VETOR, mas uma comunidade revoltada com tanta irresponsabilidade e descaso.

Pedido de ajuda ao GDF

Quanto a notícia de que a prefeitura de Alto Paraíso de Goiás havia pedido ajuda ao Governo do Distrito Federal (GDF), questionamos o prefeito, que emitiu a seguinte nota:

A prefeitura de Alto Paraíso de Goiás tem trabalhado, em parceria com a Polícia Militar e Vigilância Sanitária, no sentido de se fazer respeitar as determinações dos Decretos Estadual e Municipal, que incluem o isolamento social e a proibição de visitações aos atrativos naturais de nossa região, e também a hospedagem, por qualquer meio (Hotéis, Pousadas, Hostels, Campings e afins) para visitantes.Barreiras estão sendo montadas nas entradas da cidade, com identificação de pessoas e fiscalização no comércio, mas, constitucionalmente, não podemos vetar o direito de ir e vir das pessoas, precisamos então, contar com o apoio e consciência de cada cidadão.

Se vir, ou souber de alguém descumprindo a Lei, por favor, nos ajude. Denuncie.

Infelizmente, estamos notando o crescimento da presença de pessoas não moradoras em número bem maior que o desejado, circulando por nossa cidade e arredores, ocupando veículos, em sua maioria, com placas de Brasília – DF.

Nossa comunidade tem se sentido insegura, visto que pessoas estão morrendo ou tendo alto índice de contaminação em municípios vizinhos (Formosa, Planaltina – GO, Alvorada do Norte, Campos Belos e Niquelândia, por exemplo), por isto, não estamos, por enquanto, planejando fazer nenhum tipo de abertura ou flexibilização nas medidas tomadas e determinadas através dos Decretos.

Não temos nenhum óbito, nem caso confirmado em nosso município, mas sim, como já dissemos, em municípios vizinhos. Precisamos nos preservar agora, para trabalharmos com segurança em futuro breve.

Por último, não enviamos nenhum ofício diretamente ao Governo de Brasília, mas sim, abrimos conversa com a Associação dos Municípios Adjacentes de Brasília (AMAB), solicitando que ela, a Associação (Leia ofício abaixo), analise a possibilidade de pedir ajuda ao governo do Distrito Federal em seu Sistema de Saúde, para os municípios que integram a RIDE.

Lembrando ainda que Alto Paraíso de Goiás está a 200 km de Brasília, e não 475 km.

Uma de nossas fortes fontes de renda é o Turismo, precisamos das visitações, mas neste momento, pedimos, encarecidamente, que as pessoas esperem passar essa pandemia para nos visitar, quando serão, como sempre, muito bem-vindos.

Por telefone, o prefeito de Alto Paraíso de Goiás, Martinho Mendes da Silva, falou com a reportagem de O VETOR sobre as medidas tomadas em relação a Covid-19 no município.

Martinho Mendes disse que a Secretaria Municipal de Saúde tem colocado os funcionários em constante treinamento, através da Secretaria Estadual de Saúde, estando, portanto, capacitados para atender pessoas suspeitas de contaminação. O hospital tem testes em estoque para os casos em que o médico verificar que o paciente se encaixa nos sintomas de protocolo. Os testes só serão feitos se os requisitos protocolares forem preenchidos.

“Nossa equipe de trabalhadores na área da saúde está preparada para atender nossa comunidade, na eventual possibilidade de alguém contaminado. Temos um respirador artificial, e caso seja necessária uma intubação, o paciente será atendido e encaminhado para nosso hospital de referência, que é Formosa. 

Tem se discutido quanto a possibilidade de construção de um hospital de campanha no município, quero lembrar que quem determina isso é o governo do estado, e que já está decidido que a referência para Alto Paraíso de Goiás é o hospital de Formosa, que por sua vez tem como referência os hospitais de Goiânia.” Sublinhou Martinho Mendes.
Outro ponto apontado pelo prefeito são os recursos indicados por representantes do município para a área da saúde.

“O Senador Vanderlan Cardoso indicou 150 mil reais para ações de combate a pandemia de Covid-19, enquanto a deputada federal Magda Mofatto destinou 300 mil reais também para essa função. A prefeitura já realizou todos os procedimentos que lhe cabiam, e aguarda que esse dinheiro seja depositado. Os trâmites na burocracia estatal são enormes, mas estamos cobrando agilidade cotidianamente. 

Outro recurso destinado virá através do apoio do governo federal para os estados e municípios. Fomos informados que para Alto Paraíso de Goiás foi estipulado o valor aproximado de 1 milhão de reais. Esse dinheiro deverá passar por todo o processo burocrático até chegar aos cofres do município. Todos esses recursos, assim que depositados, serão utilizados, integralmente, no nosso sistema de saúde municipal” concluiu o prefeito.

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