Morre o ícone sanfoneiro de Campos Belos (GO) Luís Farofa

Morreu, aos 92 anos, nesta terça-feira (5), em Campos Belos (GO), nordeste do estado, Luís Felix Fernandes, o “Luís Farofa”, ícone sanfoneiro da região.

O artista morava na Associação Beneficente de Campos Belos (ABCB). A família não divulgou as causas da morte.

“Luís Farofa” mais recentemente gostava de ser chamado de “Doutor Luís”. Obviamente uma maneira carinhosa que os mais próximos o apelidaram e ele gostou.

O cantor nasceu em 15 de dezembro de 1930, em Uruçuí, no Piauí, às margens do rio Parnaíba, que divide os estados do Piauí e Maranhão, cerca de 450 km de Teresina.

Mudou-se para Goiás, fincou residência em Campos Belos (GO) desde a década de 1980 e construiu uma grande família na cidade. Teve oito filhos, sendo três homens e cinco mulheres.

Naquela época em que faltava tudo no nordeste de Goiás, inclusive luz e estradas, Luiz Farofa era o “sanfoneiro das multidões” e animava festas de sul a norte e de leste a oeste. Casamentos, batizados, novenas,  festas dançantes, festas juninas, folias,  festa de boteco.

Farofa era a cara da alegria e um exímio sanfoneiro.

“Eu quero me trepar no pé de coco, para vê se o coco é oco” era música clássica de Farofa.

A gravação é do cearense Messias Holanda, do clássico ‘Eu quero me trepar no pé de coco’ ‘Depois eu quero quebrar o coco, pra saber se o coco é oco, pra saber se o coco é oco’ viraram versos obrigatórios no carnaval.

Morou com sua família, por muitos anos, na Rua Mariano Barbosa Junior, no centro, na casa do “velho Inocêncio Cego” e de Dona Petú.

Depois comprou uma casinha, onde acabou de criar seus filhos, com muita luta, no setor Aeroporto, próximo à saída de  Arraias.

O artista parte e  deixa um enorme legado cultural, não apenas em Campos Belos, mas em toda a região.

Adelino Machado, professor e mestre em educação, é muito ligado à cultura regional, e conhece bem a riqueza de Luís Paçoca, outro apelido do cantor.

“Luiz Paçoca é uma celebridade que foi para o anonimato em decorrência da precarização e desumanização da arte musical, promovida pelas novas tecnologias.  Este personagem por longos anos animou as festas originais do chão batido, molhado e novamente empoeirado pelo arrasta pé animado da roça.

Eu sou, como muitos camposbelenses, eterno fã de Luiz Paçoca”, disse ele ao Blog.

Quem também lamentou muito a partida de Luís Farofa foi o poeta João Beltrão Filho, que vez por outra ia à casa de Paçoca para uma prosa e lembrá-lo que ele era muito importante.

Este jornalista foi criado em convivência com a família Farofa. Por isso testemunho o quanto nossos artistas queridos  são esquecidos e não podem viver e cuidar de sua família com seu talento.

Pior, nem homenagem em vida recebe. Paçoca merecia muito ter sido aclamado e aplaudido, em vida.

Infelizmente essa é uma prática cultural de Campos Belos (GO) e de outras cidades da região: esquecer seu povo; esquecer seus talentos; esquecer seu maior patrimônio, que é sua gente.

Vá com Deus, meu amigo Paçoca.  Que Deus abençoe sua família e que zele por ela.  Você foi muito importante para todos nós.