Meia-entrada ainda é motivo de desrespeito, confusão e até empurra-empurra na XXIII Expoagro de Campos Belos (GO)

Que a festa Agropecuária de Campos Belos cresceu muito nos seus 23 anos; é motivo de orgulho e tem sido um bom motivo dos filhos da terra arranjarem um tempinho para vir à cidade; isso tudo é fato. 


Mas é fato também que os organizadores da festa ainda precisam entender que a principal atração da festa não são os cantores; os animais, os leilões; os comerciantes.  


O principal protagonista tem nome e sobrenome: “chama-se público”.


Por isso deve ser tratado como majestade; com extrema atenção, delicadeza, com servidão. É o verdadeiro espírito do serviço público. 


E não importa se rico; se pobre; se nativo ou de fora da cidade; se pagou meia- entrada ou a inteira. 


O respeito ao público é fundamental. 


Mas não foi isso que se viu nesta XXIII edição da Festa Agropecuária de Campos Belos. 


Pelo menos no que diz respeito àquelas pessoas que fazem jus, por direito, à meia-entrada. 


Como este tem sido o “calcanhar de aquiles” das edições anteriores, este Blog, com antecedência, publicou a íntegra a Recomendação do Ministério Público  de Goiás e do Procon do estado sobre todas as regras que regulamentam a Lei da Meia-Entrada. 


Mesmo com a Lei; com a Recomendação; com a pressão deste Blog, nada foi suficiente para que os organizadores entendessem o tão importante também é garantir o acesso e tratar como merece este público especial. 


Na tarde da quinta-feira (14); a fila, sob o sol escaldante do meio da tarde, à frente do Sindicato Rural, era tão grande quanto à frustração de quem “quarou” para tentar comprar um bilhete de meia-entrada. 


Tudo em vão. 


Os desencontros e a falta de informação eram tamanhos e partiam justamente de quem deveriam orientar. 


Os bilheteiros ora diziam que “mais meias” estavam por chegar; ora que tinha esgotado o estoque do dia; ora que mais ingressos estavam sendo impressos. 


O certo é que mais de cem pessoas esperaram em vão, por mais de duas horas, e voltaram para casa com a mão “abanando”. 


Mais tarde foi preciso que o Delgado de Polícia, após muitas denúncias, fosse ao local conferir se realmente a organização da festa estavam realmente cumprindo a Lei dos 40 por cento.  


Por outro turno, foi necessário que o Diretor do DCE da Universidade de Goiás, Adson Freitas, expedisse um Ofício, cobrando um relatório da meia-entrada. 


“Boa Tarde, sobre a meia-entrada na XXIII Expoagro de Campos Belos, como Diretor de campus do Diretório Central do Estudante da UEG, solicitamos, via ofício, à Presidência do Sindicato Rural de Campos Belos, o relatório das vendas de ingressos de MEIA ENTRADA da XXIII, a fim de garantir transparência para comunidade de que os 40% dos ingressos destinados a aqueles que possuem por direito. 


O Presidente José Luiz nos garantiu que fornecerá o relatório supracitado e também que estão disponibilizando os 40% conforme de direito”, escreveu Adson Freitas. 


A situação só piorou na tarde desta sexta-feira (15), para o show de Zé Neto e Cristiano. 


Muita gente, poucos ingressos, nova intervenção do delegado de polícia, gente frustrada, empurra-empurra. 


Um verdadeiro calvário. 


Esta foi a sensação de quem se dispôs a ir à portaria do Sindicato Rural atrás da meia-entrada e até da inteira. 


Depois disso tudo, uma perguntinha é necessária. 


Se a organização da Expoagro estivesse cumprido direitinho a Lei, era necessária a intervenção do delegado de polícia e do diretor do DCE?


Por que não tratar com tapete vermelho o patrimônio mais valioso da festa, que é o seu público? 


Por que vender ingressos em um local tão insalubre e infernal, como a porta da bilheteria, sem ao menos um pequeno toldo de sombra e nem sequer água de bebê para arrefecer a sede de quem esperara quase duas horas para comprar ingressos?


Isso não pode. Isso não cabe. Isso tem nome: desrespeito.  


Essa não é maneira correta e salutar de tratar um bem intangível, tão precioso, que é o próprio ator principal da festa.  




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