Mãe denuncia abordagem abusiva a criança e discriminação racial em supermercado de Alto Paraíso de Goiás

Uma grave denúncia de violação dos direitos da criança e possível prática de racismo em estabelecimento comercial ganhou repercussão na cidade nos últimos dias.

Eunice Fernandes de Souza, moradora de Alto Paraíso, formalizou uma queixa pública após seu filho, uma criança negra, ter sido abordado de forma abusiva por policiais militares dentro de um conhecido Supermercado, no centro da cidade.

Segundo o relato da mãe, o episódio aconteceu após a criança ser acusada por uma funcionária da lanchonete do supermercado de furtar balas.

Sem a presença dos responsáveis legais ou de representantes do Conselho Tutelar, o menor foi revistado por dois policiais militares – uma conduta que, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), caracteriza uma grave violação de direitos.

Eunice afirmou ainda que, ao solicitar acesso às imagens de segurança que poderiam esclarecer o caso, teve o pedido negado tanto pelo proprietário quanto pelo gerente do estabelecimento.

A negativa se estendeu também ao Conselho Tutelar, que acompanhou a mãe após o episódio.

Ainda segundo ela, um dos policiais envolvidos teria a ameaçado, dizendo que poderia representar judicialmente contra ela caso insistisse em formalizar a denúncia.

Mesmo diante da tentativa de intimidação, a mãe registrou boletim de ocorrência e busca agora providências do Ministério Público.

A conselheira tutelar que acompanha o caso afirmou que essa não é a primeira vez que o Conselho recebe denúncias envolvendo o mesmo estabelecimento.

Segundo ela, há relatos de outras crianças negras sendo tratadas de maneira discriminatória dentro do local, sendo humilhadas ou mandadas para o fim da fila sob risos e constrangimento ao tentarem comprar produtos ou pedir informações.

“É urgente que o poder público e os órgãos de proteção dos direitos da infância e da juventude atuem com firmeza diante desses casos. Nossas crianças precisam ser respeitadas e protegidas, independentemente de sua cor ou condição social”, declarou Eunice.

A reportagem tentou contato com os responsáveis pelo Supermercado, mas até o momento da publicação não obteve retorno. O Espaço segue aberto para o posicionamento do mercado. A Polícia Militar também não se pronunciou sobre o caso.

Organizações de defesa dos direitos humanos e movimentos sociais já manifestaram apoio à família e cobram providências das autoridades.

“O silêncio diante da injustiça é cúmplice da violência. Que essa denúncia seja o primeiro passo para que Alto Paraíso de Goiás se torne uma cidade verdadeiramente justa e acolhedora para todas as crianças”, concluiu a denunciante.